São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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Projeto fotografa SP na madrugada

Reunido há quatro anos, grupo de 14 fotógrafos já realizou cerca de 40 séries retratando detalhes da capital paulista

Coletivo Rolê faz excursões noturnas periódicas por São Paulo; grupo já registrou Sambódromo, prédio da Bienal e muros da Mooca

Eles costumavam se reunir depois do trabalho em um bar na esquina da Lorena com a rua da Consolação. Uma noite, com suas câmeras nas mãos e sem saber para onde seguir, eles decidiram fotografar a avenida Paulista. E assim começaram os "rolês".
Quatro anos depois daquela primeira sessão de fotos, o grupo de amigos-fotógrafos, auto-intitulado de Rolê, já promoveu quase 40 "sessões" de São Paulo e seus personagens na madrugada, das formas do prédio da Bienal ao Sambódromo em pleno Carnaval, passando pelos muros grafitados da Mooca.
As sessões continuam a partir de um bar no fim da noite, na região que o grupo irá fotografar. A madrugada é o horário em que todos conseguem se desvencilhar do trabalho e quando a cidade permite outro tipo de registro. "Os lugares lotados estão vazios. O silêncio é interessante, a cidade começa a se revelar", diz Paulo Batalha, um dos fotógrafos do grupo, que conta só com uma mulher.
Dos 14 integrantes, 11 são fotógrafos em tempo integral. Batalha é redator publicitário. Além dele, há um roteirista de TV e um videomaker, que registra as reuniões. O equipamento é variado: desde máquinas digitais às analógicas ou de grande porte. As saídas costumam acontecer uma vez por mês, sem a obrigatoriedade da presença de todos. Para Batalha, o melhor do projeto é a experiência em grupo.
"Alguns de nós se concentram na arquitetura da cidade, outros preferem fotografar as pessoas", conta João Sal, colaborador da Folha.
"São poucas as imagens que se repetem. É comum durante a noite não ver nenhum outro fotógrafo por perto", diz Sal.
Neste ano, o Rolê participou de seis exposições, do Centro Cultural da Juventude da Vila Nova Cachoeirinha à galeria Plastik (loja de "toy art" que fica nos Jardins).
Um dos primeiros (e poucos) lugares fechados que o grupo registrou foi prédio da Bienal, que conseguiram fotografar, devidamente autorizados, de madrugada e vazio.
Das incursões, Ronaldo Franco, outro membro do grupo, destaca o que fizeram pela Vila Nova Cachoeirinha, quando encontraram um parque de diversão depois de deixarem uma área da região, na qual foram guiados por um morador.
Batalha se surpreendeu com as ruelas do largo 13 de Maio formadas pelas barracas de vendedores ambulantes, que dormem dentro delas, fechadas, na madrugada.
Os "rolês" acabam por oferecer um novo ângulo sobre a cidade. "A obra na Água Espraiadas [o complexo viário Real Parque] era uma parte nova da cidade para a gente. Atravessar a marginal, pular o guardrail são coisas que a gente nunca faria sem o Rolê", diz Ronaldo.


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