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Curador reduz obras para aumentar diálogo
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O alemão Jochen Volz não se
assusta com a árdua tarefa de
ser co-curador da próxima edição da Bienal de Veneza, a 53ª,
que começa em junho de 2009,
sob o tema "Fazer Mundos".
A mais tradicional mostra de
artes plásticas do mundo tem
curadoria do sueco Daniel
Birnbaum, parceiro de Volz entre 2001 e 2004 no centro cultural Portikus, sediado em
Frankfurt. No espaço, por
exemplo, Cildo Meireles criou
especialmente para o local "Occasion", grande instalação hoje
remontada na TrAIN, ligada à
University of the Arts London,
exibida paralelamente à grande
exposição de Meireles na Tate
Modern. Entre outros que tiveram individuais na Portikus,
estão Dominique Gonzalez-Foerster e Gilbert & George.
"Não devemos nos assustar
com a carga histórica da Bienal
de Veneza, nem com o seu formato e escala. É preciso, antes,
tirar proveito de tudo isso. Planejamos uma exposição com
número reduzido de artistas,
incluindo algumas referências
históricas que podem ser vistas
como fontes inspiradoras para
as gerações mais novas. Pretendemos também a inclusão de
espaços até então pouco ou nada utilizados para mostras expositivas", afirma Volz à Folha,
antes ir morar em Frankfurt,
onde vai dar aulas na Städelschule, a escola de arte da cidade, mais próxima de Veneza.
"Mas, ao final, são ainda as
obras de arte que devem ser
fortes o suficiente para suscitar
questões realmente pertinentes", conta ele. "Sempre me interessou uma proximidade
com os processos da produção
e lugares da criação artística
mais do que o museu tradicional, que prioriza a apresentação de obras acabadas."
Curador do Centro de Arte
Contemporânea Inhotim e curador convidado da 27ª Bienal
de São Paulo, o crítico alemão é
fã de jovens artistas brasileiros.
"Por vir morar em Belo Horizonte, tive a oportunidade de
acompanhar três edições do
excelente programa bolsa
Pampulha, no Museu de Arte
da Pampulha. As exposições
chamaram minha atenção para
vários artistas que eu não conhecia e que pertencem a uma
geração mais nova, seja Amanda Melo, Cinthia Marcelle, Débora Bolsoni, Marcellvs L., Rodrigo Matheus, Thiago Rocha
Pitta e muitos outros."
Em Veneza, Birnbaum e Volz
devem expor uma perspectiva
menos eurocentrista da arte
contemporânea, reflexo do que
Volz considera uma tendência
mais global da área nos últimos
20 anos. "Artistas, obras, público e informações viajaram
mais e muito mais rápido pelo
mundo. Isso fez com que a divisão bipolar centro e periferia se
dissolvesse. Embora cidades
como Nova York, Londres ou
Berlim ainda sejam centros ultraconcentrados de produção
artística, a história da arte eurocentrista ou norte-americana não se sustenta da mesma
forma que há décadas atrás.
Não é mais possível contar a
história da arte de maneira
simplista e linear", diz o curador, que exemplifica seu olhar
pelo que exibe em Inhotim.
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