São Paulo, terça-feira, 15 de dezembro de 2009

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Ernesto Neto exibe megaescultura

Obra de cinco metros de altura mistura referências e mitos de brasilidade em chapas de aço de 400 kg

DA REPORTAGEM LOCAL

Ernesto Neto faz escultura "unplugged". Não que as chapas de aço no trabalho que expõe em São Paulo tenham sido cortadas à mão. Foram jatos de água que desenharam as formas orgânicas, quase folhas metálicas, empilhadas na obra de cinco metros de altura.
"É superfrio, mas tem esse calor da oxidação, um grupo de partículas em transe que se encontram para uma espécie de dança", descreve Neto. "Tem essa industrialidade doce."
Doce como podem ser as folhas modernas nas paisagens urbanas de Tarsila do Amaral, a antropofagia digerida pelos cortes no aço de um Sergio Camargo, Amilcar de Castro. Depois das formas em tecido, ambientes imersivos que costuma criar para aguçar os sentidos dos espectadores, Neto condensa mitos e referências de brasilidade no peso sintético de chapas de aço, contraste máximo entre densidade e leveza.
Não transparecem na forma, mas Neto jura que na escalada de folhas industriais da escultura estão acenos ao traçado urbano de Belo Horizonte, à miscigenação entre brancos, negros e índios, à maternidade -nem tudo nessa ordem.
"Essa escultura tem a geometria, o inesperado, a dança", diz Neto. "Vejo essa geometria numa terra mole, mistura de Estados Unidos com belle époque, a escala de São Paulo, o urbanismo que modela o modo de ser." Neto gosta de dizer que não é ocidental, que o Brasil está fora do mundo europeu, norte-americano, das raças distintas, separadas e catalogadas. Mas é um artista que, como todos, vive desse modelo ocidental de espetacularização da arte.
Mistura inglês e português, sertão com Paris, e fala de coisas pesadas e ao mesmo tempo leves, como parece ser essa mesma lógica de espetáculo e circulação. Do inglês, empresta os polos de seu paradigma: "Não somos "pure" [puros], somos "poor" [pobres]". (SM)


ERNESTO NETO

Quando: ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h; até 12/2
Onde: Fortes Vilaça (r. James Holland, 71, tel. 0/ xx/11/ 3392-3942)
Quanto: entrada franca




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