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Crítica/exposição/"Arte Contemporânea - Aquisições Recentes (1990-2005)"
Mostra ignora cerne da coleção do MAC
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Arte Contemporânea - Aquisições
Recentes (1990-2005)", no Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC), em
sua filial no Ibirapuera, representa bem como boa parte dos
museus brasileiros atualiza
seus acervos -por empréstimo
e doações, e nunca por uma política contínua e programada.
Em 62 obras, a mostra apresenta as três mais significativas
formas de aquisição para a instituição: doações de artistas,
comodato da coleção Marcantonio Vilaça e depósito da coleção do ex-banqueiro Edemar
Cid Ferreira. Esta última, a de
aporte mais representativo ao
MAC, com 1.478 obras, é representada timidamente perto do
que significa. Para evitar a dispersão da coleção, a Justiça dividiu as quase 10 mil obras da
Cid Collection conforme o tema de cada uma. Ao MAC coube a arte contemporânea.
Criado em 1967, a partir do
acervo do então Museu de Arte
Moderna, fechado por seu criador, Ciccillo Matarazzo, o MAC
surgiu com a transferência dessas obras, além do acervo pessoal de Ciccillo. Esse é o coração de seu acervo, com obras
modernistas relevantes, brasileiras e internacionais, mas é
sabido que, de contemporâneo,
só o que se refere à arte conceitual dos anos 60 e 70 tem peso.
A decisão da Justiça de depositar no MAC o acervo do banqueiro falido tem relação com o
nome do museu e seu caráter
público, mas nada com seu perfil. Sem uma política continuada, sujeito aos ditames da USP,
com regras que excluem muitos professores de pleitearem a
direção do museu, o MAC é
uma das instituições museológicas mais instáveis da cidade,
que só perde em descrédito para o Museu de Arte de São Paulo da gestão Julio Neves.
A exposição revela o despreparo do museu para um olhar
contemporâneo. Entre tantos
nomes relevantes da coleção,
os destaques são Cildo Meireles e o inglês Damien Hirst.
Sem desmerecer os outros brasileiros, sabe-se que o cerne da
coleção de Cid Ferreira era a fotografia, com obras que incluem Andres Serrano, Cindy
Sherman e Jeff Wall. Esse núcleo foi ignorado.
Numa mostra irregular, a
surpresa é a série "Tributo ao
Século 21", de Robert Rauschenberg, doada por ele ao museu, ao ser homenageado na
22ª Bienal de São Paulo (1994),
o que não é explicado na exposição. As 22 litografias expostas
representam bem o estilo de
Rauschenberg, criador de uma
técnica mista de pintura em arte contemporânea por ele chamada "combine painting", e são
a melhor razão para a visita.
ARTE CONTEMPORÂNEA - AQUISIÇÕES RECENTES (1990-2005)
Onde: Museu de Arte Contemporânea da USP (pq. Ibirapuera, pavilhão
da Bienal, 3º piso, tel. 0/xx/11/5573-9932)
Quando: ter. a dom., das 10h às 19h;
até 29/4
Quanto: entrada franca
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