São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2007

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Crítica

Godard mostra o talento humano para a destruição

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De "Nossa Música" (Cinemax, 22h15), basta a primeira de suas três partes, intitulada "Inferno". Nela, Jean-Luc Godard pega emprestado um vasto material audiovisual, costurando uma sinfonia sobre o poder de destruição do homem, com suas matanças.
Usando trechos de documentários, filmes clássicos, vídeos etc., o cineasta também nos diz sobre a exuberância estética que essas imagens de destruição tão espetaculares possuem. Em minutos, comenta toda uma história da imagem, que, sendo criação humana, reflete violência inerente.
Mais tarde, na segunda parte do filme, "Purgatório", com um congresso de escritores sendo realizado numa Sarajevo que se reconstrói das cinzas, esse prólogo ganhará mais significados. Um deles é a alternância entre o nosso poder de destruição e de recriação.
O sublime do homem estaria, assim, nessa dialética infernal que faz de céu e inferno uma coisa única. É Godard, com o cinema, mostrando ao homem a imagem do homem.


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