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Crítica
Godard mostra o talento humano para a destruição
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
De "Nossa Música" (Cinemax, 22h15), basta a primeira
de suas três partes, intitulada
"Inferno". Nela, Jean-Luc Godard pega emprestado um vasto material audiovisual, costurando uma sinfonia sobre o poder de destruição do homem,
com suas matanças.
Usando trechos de documentários, filmes clássicos, vídeos etc., o cineasta também
nos diz sobre a exuberância estética que essas imagens de
destruição tão espetaculares
possuem. Em minutos, comenta toda uma história da imagem, que, sendo criação humana, reflete violência inerente.
Mais tarde, na segunda parte
do filme, "Purgatório", com um
congresso de escritores sendo
realizado numa Sarajevo que se
reconstrói das cinzas, esse prólogo ganhará mais significados.
Um deles é a alternância entre
o nosso poder de destruição e
de recriação.
O sublime do homem estaria,
assim, nessa dialética infernal
que faz de céu e inferno uma
coisa única. É Godard, com o
cinema, mostrando ao homem
a imagem do homem.
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