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Livro traz olhar moderno do crítico Paschoal Carlos Magno
Obra reúne textos sobre teatro publicados no "Correio da Manhã" de 1946 a 1960
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Nome de salas e de edifícios
teatrais pelo Brasil, o carioca
Paschoal Carlos Magno (1906-1980) foi um dos protagonistas
da noção de modernidade que a
cultura de teatro começou a ganhar na década de 1940.
É o que ajuda a contar o livro
"Crítica Teatral e Outras Histórias", que acaba de ser editado
pela Funarte. Trata-se de uma
seleção dos textos que Magno
assinou durante 14 anos na coluna de teatro do "Correio da
Manhã", de 1946 a 1960.
Ele exercia a crítica, mas, sobretudo, dava notícias da formação, literal, do teatro brasileiro. A começar pelo Teatro do Estudante do Brasil, o
grupo que funda no
Rio em 1938.
É sob a perspectiva de formação de
ator e de público,
aliada à carreira paralela de diplomata,
que ele vai "inquietar a todos com as
suas histórias de como se faz teatro na
Inglaterra e outros
países", como lembra depois o crítico e
historiador Décio de
Almeida Prado
(1917-2000).
É por meio do Teatro dos Estudantes do Rio, do qual é um
dos idealizadores, que vem à
luz, em 6 de janeiro de 1948, no
Fênix, o histórico "Hamlet" defendido por Sérgio Cardoso,
aos 22 anos.
Dez anos depois, acontece
em Recife o 1º Festival Nacional de Teatro de Estudantes. É
onde acontece o primeiro julgamento de personagens, à moda inglesa, com Hamlet e Otelo
defendidos respectivamente
por Sérgio Cardoso e Paulo Autran. Ao todo, foram realizadas
sete edições, sob o mesmo espírito de formação.
Como crítico, Magno espinafra os "primeiros atores" e "primeiras atrizes" que
têm preguiça de decorar o texto, artistas-empresários à
mercê do "ponto"
(sujeito oculto que
lhes assopra o texto, em um buraco à
boca de cena).
Provoca novos paradigmas para o
intérprete. "Se esse
ator quiser estudar,
se freqüentar a intimidade de livros e
fizer de seu cérebro
um caderno cheio
de notas dos livros
que leu, das músicas que ouviu, das exposições
que visitou, da gente que observou -como ganhará no nosso
teatro!", escreve em 1946.
"Clube da vaia"
Irônico, chega a sugerir um
"clube da vaia" para espetáculos "lamentáveis" como o que
Alda Garrido estrela em 1947,
"Escandalosa", do qual se retira
no segundo ato, cabisbaixo e
envergonhado.
Também reclama, meio século atrás, das companhias que
demonstram "absoluto desinteresse pelo autor moço" brasileiro. Em 1959, saúda com entusiasmo a temporada carioca
de "Eles Não Usam Black-Tie",
de Gianfrancesco Guarnieri,
que José Renato montou com o
grupo Teatro de Arena, de São
Paulo, demarcando fôlego para
a dramaturgia nacional.
Na biografia que abre o livro,
Martinho de Carvalho, co-organizador com Norma Dumar,
destaca ainda que Magno foi
um dos que "introduziu a fala
brasileira no nosso palco, onde
até então imperava o sotaque
lusitano".
CRÍTICA TEATRAL E OUTRAS HISTÓRIAS
Organização: Martinho de Carvalho e Norma Dumar
Editora: Funarte
Quanto: R$ 53 (424 págs.)
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