São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

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Última Moda

Alcino Leite Neto - ultima.moda@grupofolha.com.br

Com coleção étnico-tropical, a grife Cantão enfrenta as sombras da crise econômica e colore as passarelas do Fashion Rio, que termina hoje

ALCINO LEITE NETO
VIVIAN WHITEMAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Entre o kitsch e a mesmice, o Fashion Rio segue aos trancos e barrancos em busca do inverno perdido. O étnico remix da Cantão e a estreia da Printing jogaram um pouco de luz nas passarelas, onde não foram raras presenças de roupas que pareciam ter sido feitas no escuro.
A grife de Yamê Reis deu continuidade às experiências étnico-tropicais do verão, recorrendo agora a trajes tradicionais dos pampas gaúchos (bombachas revisitadas), dos desertos norte-americanos (franjas, botas e xales) e do sertão nordestino (renda artesanal). Amarrando a salada, a pegada hippie-chique que as meninas da Cantão apreciam.
Apesar de algumas estampas que exageraram na "exuberância" e de algumas combinações infelizes de tecidos, o resultado final foi vibrante e sob medida para invernos amenos e mocinhas a todo vapor. Foi também colorido -nota dissonante na temporada carioca, na qual estão predominando o preto, o cinza, o branco e o bege.
A grife mineira Printing estreou no evento com uma coleção sofisticada nos tecidos, correta nas formas e bem-sucedida na estamparia.
Com exceção de alguns excessos decorativos, a coleção foi bem-equilibrada e deve agradar a mulheres adultas que curtem pequenas ousadias. Vestidos com volumes (muito) discretos, calças curtas, boas camisas e casacos -peças que funcionam tanto separadas quanto juntas, permitindo combinações múltiplas.
A Printing parece trilhar um caminho de sofisticação distante do luxo afetado e ultrapassado de algumas grifes e mais próximo dos hábitos de compra e de uso das clientes brasileiras.
A Maria Bonita Extra também mostrou um produto sofisticado na medida certa. O toque masculino nas calças, coletes e bermudas deu bons resultados e rendeu os melhores momentos da coleção. Os vestidos, porém, pareceram românticos e açucarados demais.
Mas essas três marcas precisam ficar de olho nos preços. Os tempos mudaram, e exageros só farão afastar os compradores das lojas.
A cooperativa Apoena, de Brasília, também se destacou, com suas estampas bordadas, que são um primor. Precisa agora melhorar o shape e atualizar as formas.
Luxo brasileiro, aliás, são esses bordados da Apoena, feitos durante dias e dias por mãos caprichosas de mulheres talentosas, que ainda por cima estão organizadas em cooperativa -estrutura ultracivilizada que resulta em preços justos. Um antídoto contra a síndrome de Paris e os delírios hollywoodianos que atingem a imaginação invernal de muitos estilistas.

DE JOELHOS
A Dolce & Gabbana não cansa das polêmicas. Depois de ter retirado de circulação na Itália e na Espanha uma campanha publicitária acusada de sexista e humilhante para as mulheres, a grife vai mostrar, nos próximos anúncios, homens rezando de joelhos. "Certamente vão dizer que ofendemos a religião, mas [a cena] pode ser interpretada também como uma volta aos valores tradicionais. O mal está nos olhos de quem vê", declarou Stefano Gabbana, para quem o fotógrafo Steven Klein captou com a foto "a essência barroca" da nova coleção masculina.

É A CRISE!
Depois das desistências de Vera Wang, Betsey Johnson, Temperley London e Carmen Marc Valvo, mais uma deserção no line-up oficial da semana de moda de Nova York. A estilista Monique Lhuillier optou por apresentar sua coleção em espaço menor.

TESTE NO PARQUE
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo oferecerá testes gratuitos de HIV para o público da São Paulo Fashion Week. Os testes vão durar em média 15 minutos e serão feitos num estande especial, que ainda terá salas de recepção e aconselhamento.


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