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Abit quer evitar que o Brasil seja o "descarrego" da Ásia
Para associação, futuro será de "reajuste duro" e país deve zelar pelo mercado interno, que pode ser invadido por produtos chineses devido à crise econômica
DOS ENVIADOS AO RIO
O setor têxtil e de confecções
teve, em 2008, um crescimento
de 4% em relação a 2007, alcançando R$ 43 bilhões.
A boa notícia, porém, foi obscurecida pelos índices do último trimestre, quando estourou
a crise global. A produção estagnou, as vendas caíram entre
15% e 18%, e o total de vagas de
emprego criadas no ano deverá
fechar em 43 mil -mil a menos
do que em 2007.
Para o presidente da Abit
(Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção), o
empresário Aguinaldo Diniz
Filho, os próximos tempos serão de "reajuste duro" e o país
tem que tomar cuidado para
não se tornar um "descarrego
da indústria da Ásia".
O presidente falou à Folha
antes de apresentar, na última
quarta-feira, na semana de moda carioca, o balanço do setor
no ano passado e as expectativas para 2009.
Em tempos de crise econômica, os fashionistas não podem esquecer de ligar as calculadoras quando pensarem em
glamour.
FOLHA - Como o setor têxtil pretende enfrentar a crise?
AGUINALDO DINIZ FILHO - Os países
passarão por uma fase de reajuste duro, mas penso que o
mundo não vai acabar e que a
economia vai se reposicionar.
Os produtos semiduráveis e
não-duráveis terão uma condição mais favorável nesta quadra do ano, porque eles normalmente não necessitam de
crédito. O que mais nos preocupa é que o Brasil não seja o descarrego da indústria da Ásia,
que perdeu o mercado mundial
em função da crise. Então, é
fundamental que tenhamos
uma competição isonômica.
FOLHA - Como foram as vendas de
final de ano e quais as expectativas
para 2009?
DINIZ - Elas foram um pouco
abaixo do esperado. Tivemos
queda de 15% a 18% no têxtil e
na confecção, no quarto trimestre. Mas o terceiro trimestre foi fantástico, como o resto
de todo o ano de 2008. E o Natal
também. Depois da crise de setembro, evidentemente houve
uma retração, de ordem até psicológica, somada com uma retração sazonal e normal do setor no período. Se o dólar permanecer no valor atual e se preservarmos o mercado interno,
a situação não será tão ruim, e o
setor talvez possa se recuperar
depois do mês de março.
FOLHA - O dólar baixo tende
a favorecer as exportações, mas a
recessão internacional não tende a
inibi-las?
DINIZ - Nós tivemos, de janeiro
a dezembro de 2008, um déficit
de US$ 1,4 bilhão. Importamos
mais do que exportamos, por
culpa do dólar baixo e da agressividade da China. O dólar atual
seria por si só interessante, capaz de alavancar nossas exportações. Mas temos que ver o outro lado, a recessão que está
ocorrendo lá fora, realmente
inibidora. Teremos que usar
muita criatividade para reconquistar os mercados, onde a
concorrência vai ser feroz. O
maior ativo do Brasil neste momento é o mercado interno.
Compete a nós, brasileiros e governo, zelarmos por ele, para
que os empregos sejam gerados
aqui.
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