São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

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Abit quer evitar que o Brasil seja o "descarrego" da Ásia

Para associação, futuro será de "reajuste duro" e país deve zelar pelo mercado interno, que pode ser invadido por produtos chineses devido à crise econômica

DOS ENVIADOS AO RIO

O setor têxtil e de confecções teve, em 2008, um crescimento de 4% em relação a 2007, alcançando R$ 43 bilhões. A boa notícia, porém, foi obscurecida pelos índices do último trimestre, quando estourou a crise global. A produção estagnou, as vendas caíram entre 15% e 18%, e o total de vagas de emprego criadas no ano deverá fechar em 43 mil -mil a menos do que em 2007.
Para o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção), o empresário Aguinaldo Diniz Filho, os próximos tempos serão de "reajuste duro" e o país tem que tomar cuidado para não se tornar um "descarrego da indústria da Ásia". O presidente falou à Folha antes de apresentar, na última quarta-feira, na semana de moda carioca, o balanço do setor no ano passado e as expectativas para 2009. Em tempos de crise econômica, os fashionistas não podem esquecer de ligar as calculadoras quando pensarem em glamour.

 

FOLHA - Como o setor têxtil pretende enfrentar a crise?
AGUINALDO DINIZ FILHO
- Os países passarão por uma fase de reajuste duro, mas penso que o mundo não vai acabar e que a economia vai se reposicionar. Os produtos semiduráveis e não-duráveis terão uma condição mais favorável nesta quadra do ano, porque eles normalmente não necessitam de crédito. O que mais nos preocupa é que o Brasil não seja o descarrego da indústria da Ásia, que perdeu o mercado mundial em função da crise. Então, é fundamental que tenhamos uma competição isonômica.

FOLHA - Como foram as vendas de final de ano e quais as expectativas para 2009?
DINIZ
- Elas foram um pouco abaixo do esperado. Tivemos queda de 15% a 18% no têxtil e na confecção, no quarto trimestre. Mas o terceiro trimestre foi fantástico, como o resto de todo o ano de 2008. E o Natal também. Depois da crise de setembro, evidentemente houve uma retração, de ordem até psicológica, somada com uma retração sazonal e normal do setor no período. Se o dólar permanecer no valor atual e se preservarmos o mercado interno, a situação não será tão ruim, e o setor talvez possa se recuperar depois do mês de março.

FOLHA - O dólar baixo tende a favorecer as exportações, mas a recessão internacional não tende a inibi-las?
DINIZ
- Nós tivemos, de janeiro a dezembro de 2008, um déficit de US$ 1,4 bilhão. Importamos mais do que exportamos, por culpa do dólar baixo e da agressividade da China. O dólar atual seria por si só interessante, capaz de alavancar nossas exportações. Mas temos que ver o outro lado, a recessão que está ocorrendo lá fora, realmente inibidora. Teremos que usar muita criatividade para reconquistar os mercados, onde a concorrência vai ser feroz. O maior ativo do Brasil neste momento é o mercado interno. Compete a nós, brasileiros e governo, zelarmos por ele, para que os empregos sejam gerados aqui.


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