São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

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CRÍTICA

Lola Bistrô muda sem perder o charme

CRÍTICO DA FOLHA

O conceito de bistrô pode ser muito preciso, tanto quanto seu uso pode ser muito vasto -qualquer um pode chamar de bistrô o seu restaurante, seja ele como for. O Lola Bistrô buscou seguir com certa fidelidade a idéia. Inaugurado em outubro de 2003, é um pequeno restaurante onde a proprietária cuida pessoalmente dos detalhes, inclusive da supervisão da cozinha (embora não seja chef, ela também cozinha, mas sem assumir diretamente o comando das panelas). Já o cardápio arrisca vôos inventivos e não se restringe aos clássicos franceses, mas de toda forma rende tributo à França, cuja cozinha fornece a base do menu.
A criadora do Lola é Daniela França Pinto, de 29 anos. Ela estudou gastronomia na Universidade Anhembi Morumbi, mas mesmo antes de entrar na faculdade já cozinhava e atuava na área -chegou a trabalhar com Charlô Whately. Ao se formar, encantada com a cozinha francesa, resolveu abrir um pequeno restaurante, que instalou numa casa de 1930 que encontrou na Vila Madalena. No início, entrou também na cozinha, onde o titular era seu colega Luiz Emanuel (que, no ano passado, abriu seu próprio restaurante, o Allez Allez). Da idéia inicial, mantém-se a noção de praticar um atendimento pessoal ao público, à moda antiga.
Em pouco tempo, o Lola tornou-se um dos locais mais charmosos e românticos da cidade. Uma reforma realizada no ano passado abriu um pouco mais de espaço (mas ele continua miúdo), sem mudar esta atmosfera acolhedora, realçada pela luz de velas e pequenos quadros e fotos nas paredes. Outra mudança importante foi a troca do chef: agora quem milita no fogão é uma outra amiga da proprietária, a paulistana Raquel Arruda, 30. Ela estudou hotelaria em São Paulo e gastronomia em Barcelona, tendo trabalhado na cozinha do Maksoud Plaza antes de ir para a Europa, e depois em restaurantes de Portugal e Espanha até voltar ao Brasil há um ano e meio.
Com nova chef, o Lola tem novo cardápio. E mantém atrativos gastronômicos que exibia desde o nascimento. Os pratos continuam com referência francesa, mas ganham tonalidades ibéricas e mediterrâneas, fruto da trajetória da chef. Digna de qualquer bom bistrô, a refeição pode começar com a rillete (espécie de patê rústico) de coelho com ervas e especiarias, quase cremoso, com sabor pungente. Um prato interessante é o de espaguete de quinua com lula -a massa, feita com o ancestral grão dos incas, vem com gosto de mar (mas certo exagero no alho).
Com ares mediterrâneos, há um leve prato de filezinhos de trilha com tomate concassé, berinjela e o toque oriental do missô. Há um problema na coxa de pato confite servida com três grãos e champignons salteados: quando provada, a ave estava muito seca. Em compensação, continua impecável, tenra (quase derretendo) a carne do jarret (canela) de vitelo assado, servida com novo acompanhamento, batata recheada de especiarias.
As sobremesas não fazem feio (crème brûlée e tartallete de banana e amêndoas com sorvete de canela, por exemplo); os vinhos também não. E, no almoço, o menu executivo (que muda diariamente) sai bem em conta: entrada, prato principal e sobremesa por R$ 28. (JM)

@ - josimar@basilico.com.br


LOLA BISTRÔ
Cotação: $$$
Avaliação:  
Endereço: r. Purpurina, 29, Vila Madalena, tel. 0/ xx/11/3812-3009
Funcionamento: de seg. a sex., das 12h às 15h e das 20h à 0h; sáb., das 20h à 0h
Ambiente: pequeno e aconchegante, com luz de velas
Serviço: atencioso
Serviço de vinhos: carta enxuta, mas seleta
Estacionamento com manobrista: R$ 10
Cartões: todos
Preços: entradas, de R$ 14,30 a R$ 36; pratos principais, de R$ 24 a R$ 48; sobremesas, de R$ 9,10 a R$ 9,60



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