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CRÍTICA
Lola Bistrô muda sem perder o charme
CRÍTICO DA FOLHA
O conceito de bistrô pode
ser muito preciso, tanto
quanto seu uso pode ser muito
vasto -qualquer um pode chamar de bistrô o seu restaurante,
seja ele como for. O Lola Bistrô
buscou seguir com certa fidelidade a idéia. Inaugurado em outubro de 2003, é um pequeno restaurante onde a proprietária cuida pessoalmente dos detalhes, inclusive da supervisão da cozinha
(embora não seja chef, ela também cozinha, mas sem assumir
diretamente o comando das panelas). Já o cardápio arrisca vôos
inventivos e não se restringe aos
clássicos franceses, mas de toda
forma rende tributo à França, cuja
cozinha fornece a base do menu.
A criadora do Lola é Daniela
França Pinto, de 29 anos. Ela estudou gastronomia na Universidade Anhembi Morumbi, mas mesmo antes de entrar na faculdade já
cozinhava e atuava na área -chegou a trabalhar com Charlô Whately. Ao se formar, encantada com
a cozinha francesa, resolveu abrir
um pequeno restaurante, que instalou numa casa de 1930 que encontrou na Vila Madalena. No
início, entrou também na cozinha, onde o titular era seu colega
Luiz Emanuel (que, no ano passado, abriu seu próprio restaurante,
o Allez Allez). Da idéia inicial,
mantém-se a noção de praticar
um atendimento pessoal ao público, à moda antiga.
Em pouco tempo, o Lola tornou-se um dos locais mais charmosos e românticos da cidade.
Uma reforma realizada no ano
passado abriu um pouco mais de
espaço (mas ele continua miúdo),
sem mudar esta atmosfera acolhedora, realçada pela luz de velas
e pequenos quadros e fotos nas
paredes. Outra mudança importante foi a troca do chef: agora
quem milita no fogão é uma outra
amiga da proprietária, a paulistana Raquel Arruda, 30. Ela estudou
hotelaria em São Paulo e gastronomia em Barcelona, tendo trabalhado na cozinha do Maksoud
Plaza antes de ir para a Europa, e
depois em restaurantes de Portugal e Espanha até voltar ao Brasil
há um ano e meio.
Com nova chef, o Lola tem novo
cardápio. E mantém atrativos
gastronômicos que exibia desde o
nascimento. Os pratos continuam
com referência francesa, mas ganham tonalidades ibéricas e mediterrâneas, fruto da trajetória da
chef. Digna de qualquer bom bistrô, a refeição pode começar com
a rillete (espécie de patê rústico)
de coelho com ervas e especiarias,
quase cremoso, com sabor pungente. Um prato interessante é o
de espaguete de quinua com lula
-a massa, feita com o ancestral
grão dos incas, vem com gosto de
mar (mas certo exagero no alho).
Com ares mediterrâneos, há um
leve prato de filezinhos de trilha
com tomate concassé, berinjela e
o toque oriental do missô. Há um
problema na coxa de pato confite
servida com três grãos e champignons salteados: quando provada,
a ave estava muito seca. Em compensação, continua impecável, tenra (quase derretendo) a carne do
jarret (canela) de vitelo assado,
servida com novo acompanhamento, batata recheada de especiarias.
As sobremesas não fazem feio
(crème brûlée e tartallete de banana e amêndoas com sorvete de canela, por exemplo); os vinhos
também não. E, no almoço, o menu executivo (que muda diariamente) sai bem em conta: entrada, prato principal e sobremesa
por R$ 28.
(JM)
@ - josimar@basilico.com.br
LOLA BISTRÔ
Cotação:
$$$
Avaliação:
Endereço: r. Purpurina,
29, Vila Madalena,
tel. 0/ xx/11/3812-3009
Funcionamento: de seg.
a sex., das 12h às 15h
e das 20h à 0h; sáb., das
20h à 0h
Ambiente: pequeno e
aconchegante, com luz de
velas
Serviço: atencioso
Serviço de vinhos: carta
enxuta, mas seleta
Estacionamento com
manobrista: R$ 10
Cartões: todos
Preços: entradas, de R$
14,30 a R$ 36; pratos principais, de R$ 24 a R$ 48;
sobremesas, de R$ 9,10 a
R$ 9,60
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