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COMIDA/BEBIDA
TESTE
Especialistas elegem a Kronenbier, primeira cerveja sem álcool do Brasil, enquanto jornalistas preferem a Nova Schin
Degustadores avaliam cervejas sem álcool
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Desde 2004, quatro cervejas nacionais disputam consumidores
no segmento sem álcool: Kronenbier, Bavaria, Nova Schin e Liber.
Para descobrir qual delas é a melhor, a Folha promoveu duas degustações às cegas -em que os
participantes não vêem as marcas
que estão bebendo. Na soma de
pontos, a pioneira Kronenbier, da
Ambev, saiu-se vencedora. Em
último lugar, ficou a Liber, outra
marca da multinacional.
A primeira degustação, realizada no restaurante Piselli, contou
com três especialistas em bebidas:
Josimar Melo, autor de "A Cerveja" (ed. Publifolha, R$ 16,90; 88
págs.) e crítico de gastronomia da
Folha, Juscelino Pereira, sommelier e sócio do restaurante que sediou o evento, e Robert Paul Dinham, professor de pós-graduação do curso Gastronomia, Vinhos e Outras Bebidas, do Centro
Universitário Senac.
Para participar da segunda degustação, no bar Universidade da
Cachaça, foram convidados três
jornalistas da Folha: a colunista
Bárbara Gancia, o repórter especial Sérgio Dávila e o editor-assistente da Ilustrada, Leonardo
Cruz. Eles possuem o mesmo perfil da maioria dos consumidores
de cerveja: são apreciadores apaixonados, mas sem conhecimentos técnicos sobre a bebida.
Os participantes atribuíram notas de 0 a 5 a cada cerveja, levando
em consideração aspectos visuais
e relativos a aroma e paladar.
Na prova dos especialistas, o resultado foi claro: com 3,7 pontos,
a Kronenbier, lançada em 1991
como a primeira cerveja sem álcool do Brasil, foi considerada
mais equilibrada que suas concorrentes, ganhando o título de
melhor da categoria. Na degustação dos jornalistas, o resultado foi
apertado. Nova Schin, lançada em
2003, levou 3 pontos, seguida da
Kronenbier, com 2,7. Segundo
Dávila, a marca da Schincariol
"tem aroma de cerveja passada,
mas o sabor está entre as cervejas
vermelhas (do tipo ale) e as pretas
(stout, como a Guiness)".
Única cerveja sem nenhum traço de álcool do mercado, a Liber
recebeu críticas severas dos dois
grupos. "É muito leve, aguada,
não tem gosto nem retrogosto,
não deixa nada na boca depois",
afirmou Robert Paul Dinham.
Bárbara Gancia foi mais radical:
"Se eu nunca tivesse tomado uma
cerveja sem álcool, seria a primeira e última vez", disse antes de atirar o conteúdo de seu copo na calçada em frente ao bar. Para Cruz,
"é totalmente sem sabor".
O duplo resultado negativo da
marca espantou o mestre-cervejeiro da Ambev Wilson Fornazier.
Segundo ele, o nível de amargor
da cerveja é semelhante ao de
Brahma. "O corpo também, mas
como não tem álcool, a percepção
muda completamente", diz.
Bem avaliada de modo geral,
chegando à segunda colocação na
opinião dos críticos e no ranking
final, a Bavaria sem álcool perdeu
pontos pelo aroma considerado
desagradável. Para Pereira, lembra "mineral", enquanto Melo a
considera "meio fedida".
A cerveja da Schincariol, preferida dos jornalistas, foi criticada
pelo mesmo motivo. "Para mim,
incomoda ainda o residual adocicado", diz Pereira.
Métodos de produção
De acordo com a legislação brasileira, uma cerveja pode ser considerada "sem álcool" se contiver
até 0,5% da substância em sua
composição. Para chegar a esse
volume, utiliza-se geralmente o
processo de fermentação interrompida, em que o tempo de contato da levedura com o mosto cervejeiro é reduzido, e a temperatura se mantém baixa, inibindo a
produção de álcool. A Kronenbier, a Bavária e a Nova Schin são
fabricadas por este método.
O caso da Liber é diferente. Ela é
a única cerveja sem nenhum traço
de álcool, já que, diferentemente
das outras marcas, a substância é
retirada ao final do processo.
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