São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMIDA/BEBIDA

TESTE

Especialistas elegem a Kronenbier, primeira cerveja sem álcool do Brasil, enquanto jornalistas preferem a Nova Schin

Degustadores avaliam cervejas sem álcool

RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Desde 2004, quatro cervejas nacionais disputam consumidores no segmento sem álcool: Kronenbier, Bavaria, Nova Schin e Liber. Para descobrir qual delas é a melhor, a Folha promoveu duas degustações às cegas -em que os participantes não vêem as marcas que estão bebendo. Na soma de pontos, a pioneira Kronenbier, da Ambev, saiu-se vencedora. Em último lugar, ficou a Liber, outra marca da multinacional.
A primeira degustação, realizada no restaurante Piselli, contou com três especialistas em bebidas: Josimar Melo, autor de "A Cerveja" (ed. Publifolha, R$ 16,90; 88 págs.) e crítico de gastronomia da Folha, Juscelino Pereira, sommelier e sócio do restaurante que sediou o evento, e Robert Paul Dinham, professor de pós-graduação do curso Gastronomia, Vinhos e Outras Bebidas, do Centro Universitário Senac.
Para participar da segunda degustação, no bar Universidade da Cachaça, foram convidados três jornalistas da Folha: a colunista Bárbara Gancia, o repórter especial Sérgio Dávila e o editor-assistente da Ilustrada, Leonardo Cruz. Eles possuem o mesmo perfil da maioria dos consumidores de cerveja: são apreciadores apaixonados, mas sem conhecimentos técnicos sobre a bebida.
Os participantes atribuíram notas de 0 a 5 a cada cerveja, levando em consideração aspectos visuais e relativos a aroma e paladar.
Na prova dos especialistas, o resultado foi claro: com 3,7 pontos, a Kronenbier, lançada em 1991 como a primeira cerveja sem álcool do Brasil, foi considerada mais equilibrada que suas concorrentes, ganhando o título de melhor da categoria. Na degustação dos jornalistas, o resultado foi apertado. Nova Schin, lançada em 2003, levou 3 pontos, seguida da Kronenbier, com 2,7. Segundo Dávila, a marca da Schincariol "tem aroma de cerveja passada, mas o sabor está entre as cervejas vermelhas (do tipo ale) e as pretas (stout, como a Guiness)".
Única cerveja sem nenhum traço de álcool do mercado, a Liber recebeu críticas severas dos dois grupos. "É muito leve, aguada, não tem gosto nem retrogosto, não deixa nada na boca depois", afirmou Robert Paul Dinham. Bárbara Gancia foi mais radical: "Se eu nunca tivesse tomado uma cerveja sem álcool, seria a primeira e última vez", disse antes de atirar o conteúdo de seu copo na calçada em frente ao bar. Para Cruz, "é totalmente sem sabor".
O duplo resultado negativo da marca espantou o mestre-cervejeiro da Ambev Wilson Fornazier. Segundo ele, o nível de amargor da cerveja é semelhante ao de Brahma. "O corpo também, mas como não tem álcool, a percepção muda completamente", diz.
Bem avaliada de modo geral, chegando à segunda colocação na opinião dos críticos e no ranking final, a Bavaria sem álcool perdeu pontos pelo aroma considerado desagradável. Para Pereira, lembra "mineral", enquanto Melo a considera "meio fedida".
A cerveja da Schincariol, preferida dos jornalistas, foi criticada pelo mesmo motivo. "Para mim, incomoda ainda o residual adocicado", diz Pereira.

Métodos de produção
De acordo com a legislação brasileira, uma cerveja pode ser considerada "sem álcool" se contiver até 0,5% da substância em sua composição. Para chegar a esse volume, utiliza-se geralmente o processo de fermentação interrompida, em que o tempo de contato da levedura com o mosto cervejeiro é reduzido, e a temperatura se mantém baixa, inibindo a produção de álcool. A Kronenbier, a Bavária e a Nova Schin são fabricadas por este método.
O caso da Liber é diferente. Ela é a única cerveja sem nenhum traço de álcool, já que, diferentemente das outras marcas, a substância é retirada ao final do processo.


Texto Anterior: Crítica: Lola Bistrô muda sem perder o charme
Próximo Texto: Setor representa 0,7% das vendas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.