São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2007

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"Sonho da dance music teve complicações", diz DJ

DA REPORTAGEM LOCAL

Laurent Garnier se declara um dinossauro e afirma que nada de novo está sendo feito na dance music e no rock hoje. A Folha ouviu alguns especialistas para discutir o assunto, e suas opiniões apontam para outras direções.
Para Philip Sherburne, jornalista norte-americano que escreve para publicações como o site Pitchfork (www.pitchforkmedia.com), a música eletrônica, especialmente o tecno minimal, vem sendo abastecida por idéias novas e interessantes.
"O minimalismo não representa um desenvolvimento radicalmente novo na dance music, mas encontramos várias coisas excitantes e interessantes sendo produzidas."
"Alguns, como Ricardo Villalobos, por exemplo, fazem músicas realmente inovadoras. Por muitos anos, a eletrônica foi um gênero futurista. Suas batidas não nos eram familiares e cada pequena mudança parecia uma revolução. Hoje estamos lidando com o passado, assimilando o que foi feito nesses anos todos, descobrindo clássicos perdidos, redefinindo técnicas de produção de música (mesmo com o constante desenvolvimento de softwares e hardwares)", diz Sherburne.
Já Vivian Host, editora da revista "XLR8R", publicação norte-americana dedicada à nova música, diz que "agora que muitos artistas de diferentes estilos (hip hop, punk, indie rock) estão expostos à eletrônica, eles estão adicionando essas influências em suas músicas".
Para ela, "a dance music não parece tão novidadeira quanto era antes para algumas pessoas que estão nessa há anos, mas isso era esperado, pois a dance music tornou-se um cânone tanto quanto o rock ou o jazz."
A música eletrônica virou um gênero já estabelecido, em que tudo parece ter sido feito, mas "isso depende de como você define uma "novidade" e que tipo de descobertas e inovações você está procurando na música", afirma Sherburne. "Eu não acredito que haja nenhuma falta de criatividade ou de idéia na dance music feita hoje."

Humanismo
Assim como Laurent Garnier, o norte-americano Carl Craig também pode ser classificado como dinossauro.
Representante máximo do tecno de Detroit, Craig diz que a eletrônica é percebida hoje de forma diferente de como era consumida anos atrás.
"Antigamente, a dance music era um sonho, e esse sonho sofreu algumas complicações. Não me considero um dinossauro, pois vejo a reação dos jovens em minhas apresentações. E eu estou sempre tentando fazer algo diferente, buscando os limites da música."
"Mas posso dizer que hoje a música eletrônica está muito digital. Faltam nela elementos humanos." (TN)


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