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"Sonho da dance music teve complicações", diz DJ
DA REPORTAGEM LOCAL
Laurent Garnier se declara
um dinossauro e afirma que nada de novo está sendo feito na
dance music e no rock hoje. A
Folha ouviu alguns especialistas para discutir o assunto, e
suas opiniões apontam para
outras direções.
Para Philip Sherburne, jornalista norte-americano que
escreve para publicações como
o site Pitchfork (www.pitchforkmedia.com), a música
eletrônica, especialmente o
tecno minimal, vem sendo
abastecida por idéias novas e
interessantes.
"O minimalismo não representa um desenvolvimento radicalmente novo na dance music, mas encontramos várias
coisas excitantes e interessantes sendo produzidas."
"Alguns, como Ricardo Villalobos, por exemplo, fazem músicas realmente inovadoras.
Por muitos anos, a eletrônica
foi um gênero futurista. Suas
batidas não nos eram familiares e cada pequena mudança
parecia uma revolução. Hoje
estamos lidando com o passado, assimilando o que foi feito
nesses anos todos, descobrindo
clássicos perdidos, redefinindo
técnicas de produção de música (mesmo com o constante
desenvolvimento de softwares
e hardwares)", diz Sherburne.
Já Vivian Host, editora da revista "XLR8R", publicação norte-americana dedicada à nova
música, diz que "agora que
muitos artistas de diferentes
estilos (hip hop, punk, indie
rock) estão expostos à eletrônica, eles estão adicionando essas
influências em suas músicas".
Para ela, "a dance music não
parece tão novidadeira quanto
era antes para algumas pessoas
que estão nessa há anos, mas
isso era esperado, pois a dance
music tornou-se um cânone
tanto quanto o rock ou o jazz."
A música eletrônica virou
um gênero já estabelecido, em
que tudo parece ter sido feito,
mas "isso depende de como você define uma "novidade" e que
tipo de descobertas e inovações
você está procurando na música", afirma Sherburne. "Eu não
acredito que haja nenhuma falta de criatividade ou de idéia na
dance music feita hoje."
Humanismo
Assim como Laurent Garnier, o norte-americano Carl
Craig também pode ser classificado como dinossauro.
Representante máximo do
tecno de Detroit, Craig diz que
a eletrônica é percebida hoje de
forma diferente de como era
consumida anos atrás.
"Antigamente, a dance music
era um sonho, e esse sonho sofreu algumas complicações.
Não me considero um dinossauro, pois vejo a reação dos jovens em minhas apresentações. E eu estou sempre tentando fazer algo diferente, buscando os limites da música."
"Mas posso dizer que hoje a
música eletrônica está muito
digital. Faltam nela elementos
humanos."
(TN)
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