São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

THIAGO NEY

Eletrônica urbana e rock rural

Discos de Gui Boratto e da banda Supercordas mostram o que de melhor se tem feito na eletrônica e no rock daqui

A IGREJA vetou show de Sandy & Junior para o papa? Quem seria melhor? O Arcade Fire?

 

Há dois discos que não poderiam ser mais diferentes, mas que juntos representam o que de melhor tem-se feito na eletrônica e no rock produzidos no Brasil.
Um é "Chromophobia", do produtor paulistano Gui Boratto. Ele cria canções de arranjos meticulosos, construídos de forma a destacar timbres densos, que se em muitas vezes são melódicos, em outras apostam na repetição de batidas hipnóticas.
Boratto é classificado como minimalista -suas faixas não usam elementos desnecessários; o que está ali é apenas o essencial. Com poucos ingredientes, Boratto produziu um álbum que vai para caminhos diversos; de texturas melancólicas a momentos de euforia.
Destaco, entre as canções, "Beautiful Life", que usa vocais da mulher de Boratto, Luciana Villanova. É dançante, enérgica e foi lançada em single na Europa.
O disco acaba de sair na Europa pelo selo alemão Kompakt e chegará ao Brasil em breve pela ST2.
Não tão minimalista e eletrônico quanto "Chormophobia" é "Seres Verdes ao Redor", da banda carioca Supercordas. O disco saiu pelo independente Trombador no final do ano passado. A banda fez show em São Paulo na semana passada e, nesta, está pelo interior do Estado.
Enquanto Boratto busca o futuro, "Seres Verdes..." está fincado no passado, mas não é menos original. A vida no campo é a temática principal das canções, em músicas que remetem tanto ao rock psicodélico quanto às melodias pop de bandas californianas dos anos 60, como os Beach Boys.
Minha preferida é "Ruradelica", que dá para ser ouvida no www.myspace.com/supercordas.
 

Na semana que vem, dia 23, acontece no Rio o festival Hipersônica, braço musical do File, evento voltado à arte digital., O Hipersônica, neste ano, acontece no MAM e terá entre suas atrações o norte-americano Daedelus, dono de remixes e produções de eletrônica experimental, muitas vezes mais voltada aos neurônios do que ao balanço.
O dubstep, gênero que traz referências do drum'n'bass, do dub e do rap e que atualmente vem sendo bastante tocado em festas e programas de rádio britânicos, será representado no evento pelo escocês Kode9 -dá para saber mais sobre ele em kode9.blogspot.com.
O File terá ainda o brasileiro Kassin, autor do projeto Artificial, em que faz músicas utilizando apenas um game boy, e o mineiro Esquadrão Atari, entre outros. O File em si abre no Rio no dia 19, com trabalhos de artistas conceituais como o coreano Young-Hae Chang e uma instalação da dupla francesa electronic Shadow. O Hipersônica deve vir a São Paulo no segundo semestre.

thiago@folhasp.com.br

Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Música: "Eu sou pequeno perto de Jobim", diz Henri Salvador
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.