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Museu deixa só mulheres no acervo
SILAS MARTÍ
EM PARIS
Em cartazes que pregaram nos ônibus de Nova
York nos anos 80, o coletivo Guerrilla Girls perguntava se as mulheres tinham de ficar peladas para
entrar no museu. Acresecentavam os dados da coleção do Metropolitan: só
5% dos artistas no acervo
eram mulheres e 85% das
mulheres retratadas nas
obras apareciam nuas.
Agora o Centre Georges
Pompidou, em Paris, dá a
resposta. Não, elas não
precisam ficar peladas, talvez sofrer um pouco em
performances, pegar em
armas e ganhar terreno no
campo da abstração.
Num gesto radical, o
museu parisiense reformulou a disposição de seu
acervo. Retirou obras de
todos os artistas homens e
encheu todo o quarto andar só com trabalhos de
mulheres, entre eles o pôster das Guerrilla Girls.
Nessa primeira ala um
tanto militante do novo
recorte, está também um
dos quadros de Niki de
Saint Phalle em que descarrega balas de um revólver sobre a composição.
Mais adiante, Orlan, a
performer conhecida por
se desfigurar em cirurgias
plásticas, aparece em registros de suas ações no
próprio Pompidou -numa delas, beijava os visitantes por cinco francos.
A performance em que
Valie Export entrou nua
num cinema pornô armada com uma metralhadora
também orienta um núcleo da mostra sobre a dimensão do corpo na obra
das artistas mulheres.
Ana Mendieta está num
vídeo em que mata uma
galinha, Marina Abramovic se descabela em cena e
Gina Pane corta os pés e as
mãos subindo uma escada
feita de farpas metálicas.
Só depois é a que dor cede espaço à angústia imaterial. Nan Goldin escancara a intimidade em cenas de êxtase e felicidade
condenadas ao passado.
Na última sala, Dominique Gonzalez-Foerster
documenta sua visita a um
parque vazio de Taipé e
perde o mapa da cidade,
que aparece depois encharcado na chuva. Aponta um novo rumo para a
arte do sexo nada frágil.
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