São Paulo, sábado, 16 de abril de 2011

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PAINEL DAS LETRAS

JOSÉLIA AGUIAR - joselia.aguiar@grupofolha.com.br

Para ler ou interagir

Existem livros para ler e livros para interagir: em várias conferências e debates que aconteceram nesta edição da London Book Fair, na última semana, participantes ressaltaram essa diferença. "Os "apps" são um mercado em expansão para educação e entretenimento infantil. Mas livros que exigem imersão não estarão nisso", disse à Folha Evan Schnittman, diretor de marketing e vendas da Bloomsbury.
Ros Wesson, consultora de editoras de grande porte, afirmou que livros bons para virar "apps" são guias de viagem, gastronômicos ou séries como "Dummies", sucesso há 20 anos. Lucy Luck, da agência literária que leva seu nome, prevê que vender direitos de "apps" será como negociar direitos para filmes ou "graphic novels". Ou seja, um mundo à parte.

"Nem todo grande livro pode virar filme ou game. E combinar mídias nem sempre torna a obra melhor"
JASON KINGSLEY
dono de empresas de games e livros (Rebellion, Abaddon e Solaris), no debate sobre imersão, linearidade e futuro da narrativa


O SUCESSO E O FIASCO
Até agora, o livro mais caro vendido na London Book Fair é "The Tools". Custou mais de US$ 2 milhões (cerca de R$ 3,16 milhões) para a Random House, que vai publicá-lo em inglês, espanhol e alemão. Os autores são o psicólogo junguiano Barry Michels e o psiquiatra Phil Stutz. Diz a propaganda: é mais "profundo" que "O Segredo", best-seller mundial de Rhonda Byrne.
Frustrante foi o resultado de "Revolution 2.0", de Wael Ghonim, o rapaz indicado pela mídia como o responsável pela revolução egípcia acontecer nas redes sociais. Ghonim se esforçou: apresentou sua historia em sessões de meia hora a portas fechadas. Foi visto por mais de 120 pessoas. Saiu da feira londrina sem fechar acordo. Seus agentes continuarão tentando.

COMICS EUROPEUS
As "graphic novels" europeias vivem sua Renascença após a febre dos mangás e o domínio dos heróis americanos. Era esse o tema do painel na London Book Fair e não houve discordância entre os representantes das editoras londrinas Walker, Cinebook, SelfMadeHero e Nobrow, que publicam títulos europeus.
"Em cinco anos, será nossa época de ouro", diz Olivier Cadic, da Cinebook. Paul Gravett, jornalista que fez a mediação, publica em outubro "1001 Comics You Must Read Before You Die" (1001 gibis que você deve ler antes de morrer).

Estreias Para a brasileira Agência Riff, Londres rendeu ótimos contratos. Entre eles, vendeu quatro dos seis romances de estreia dos finalistas do Orange Prize, lista anunciada no evento: "Annabel", de Kathleen Winter, e "Swamplandia", de Karen Russell, para a Nova Fronteira, "Room", de Emma Donoghue, para a Verus, e "The Tiger's Wife", de Tea Obreht, para a Leya Brasil.

O novo Larsson? A série de três livros do dinamarquês Jussi Adler-Olsen, "Departamento", é a grande aposta da Record. "Li e é fascinante", afirma Luciana Vilas-Boas, diretora editorial. "Ele faz trajetória semelhante à de de Stieg Larsson", explica. Olsen já é sucesso em países como a Escandinávia e a Alemanha. Em breve sairá na França. Na Inglaterra, foi comprado pela Penguin, e nos Estados Unidos, pela Dutton.

Bíblia laica "The Good Book", de A. C. Grayling, é da Objetiva/Alfaguara. "É um projeto de ambição e fôlego intelectuais singulares", diz Roberto Feith, diretor editorial. Trata-se de uma Bíblia laica, projeto realizado em mais de uma década. Lançada na semana passada na Inglaterra, a obra já está nas listas de mais vendidos.

Mexicana "Los Ingravidos", o primeiro romance da jovem escritora mexicana Valeria Luiseli, foi outro título comprado pela Objetiva/ Alfaguara. "É de uma inventividade assombrosa", diz Roberto Feith.

Malcolm X A recentíssima e já comentada biografia de "Malcolm X", de Manning Marable, foi comprada pela Companhia das Letras. A editora também adquiriu "The Marriage Plot", o novo de Jeffrey Eugenides, de "As Virgens Suicidas".

NEM TUDO É LIVRO
Nem todos os best-sellers são livros, diz o slogan da That Company Called If. Sim, é esse mesmo o nome da empresa, que vende marcadores de páginas. Numa feira com a presença de gigantes do mercado editorial, é curioso ver estandes de iniciativas pequenas, inusitadas e arrojadas.
Como a Lovell Johns, que tem 40 anos e é líder no fornecimento de mapas para publicações, agora avançando no mundo digital. Ou a Latinlover, colombiana que se diz especializada em América Latina. Apesar do nome, faz livros de temas como música e futebol.


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