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"NUNCA AOS DOMINGOS"
Filme envelheceu e ficou datado
CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DO FOLHATEEN
Como alguns vinhos e algumas pessoas, alguns filmes ficam mais sofisticados com o tempo. Outros apenas envelhecem e
passam a ser considerados datados. A esta última categoria pertence "Nunca aos Domingos",
que estréia com nova cópia.
Ele reúne dois nomes de peso: o
diretor americano Jules Dassin e a
atriz grega Melina Mercouri.
Realizado em 1960, "Nunca aos
Domingos" ficou célebre ao retratar os costumes liberados de Ilya,
uma prostituta que não cobra por
seus serviços e toma a liberdade
de escolher os parceiros.
Aos seus encantos não resiste
Homer (encarnado pelo próprio
Dassin, marido de Mercouri), um
escritor em férias na Grécia.
O jogo central é construído a
partir da tensão sexual que a dionisíaca Ilya exerce sobre o apolíneo Homer. Visto à distância,
"Nunca aos Domingos" sofre daquele tipo de encantamento supérfluo do filme turístico, em que
os hábitos locais alimentam a curiosidade banal pelo exótico.
E é pena o espectador de hoje
conhecer Dassin por meio de um
filme que não acrescenta muito ao
seu renome. Pois o diretor realizou obras importantes nos anos
40 e 50 ("Cidade Nua", "Sombras
do Mal" e "Rififi"). Em 52, após
ser denunciado como comunista
pelo também diretor Edward
Dmytryk ao Comitê de Atividades Anti-Americanas, Dassin foi
obrigado a migrar para a França.
"Nunca aos Domingos" é, de fato, um veículo para Melina Mercouri. O que garante a oportunidade, para as novas gerações, de
conhecer a personalidade vulcânica de Mercouri, atriz capaz de
num só plano encarnar as furiosas Antígona, Electra e Medéia.
Pena que em sua fixação apolínea, Dassin/Homer só consiga
nos oferecer um retrato pálido e
amarelado pelo tempo.
Nunca aos Domingos
Never on Sunday
Produção: Grécia, 1960
Direção: Jules Dassin
Com: Melina Mercouri, Jules Dassin, Georges Foundas
Quando: a partir de hoje no cine Frei
Caneca Unibanco Arteplex
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