São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011

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Brad Pitt produz e protagoniza novo longa de diretor bissexto

"A Árvore da Vida", de Malick, é definido como "sinfonia musical em vários movimentos"

Premiado em Cannes em 79 por "Cinzas do Paraíso", americano volta a gerar lenda e despertar interesse

Fotos Divulgação
O ator Brad Pitt em cena de "A Árvore da Vida", de Terrence Malick

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A CANNES

Só variava a língua. Mas o comentário, ontem, era o mesmo em todas as rodas de imprensa: "Ele não vai vir mesmo". "Ele" é Terrence Malick, figura que boa parte dos 3,7 mil jornalistas credenciados em Cannes nunca viu. E daria tudo para ver.
Foi aqui que o cineasta americano, que terá seu filme "A Árvore da Vida" exibido hoje, fez a última grande aparição e deu entrevistas.
Isso aconteceu em 1979, quando "Cinzas do Paraíso" recebeu a Palma de direção. Antes disso, Malick havia feito "Terra de Ninguém" (1973). Seu terceiro filme, "Além da Linha Vermelha", só seria lançado em 1998.
Nos 19 anos que separam a aposentadoria prematura do retorno, a imprensa não se cansou de buscá-lo. Por que o autor de dois poemas líricos sobre a América profunda tinha dado as costas para a indústria?
"Eram, sobretudo, suas excentricidades que chamavam a atenção dos jornalistas que o perseguiam", diagnosticou o crítico Samuel Blumenfeld, do "Le Monde".
Sua biografia mais famosa foi publicada pela "Vanity Fair". Incapaz de compreender a reclusão do homem que negou-se a encontrá-lo, o autor, Peter Biskind, retratou-o como um paranoico.
"Apesar dessa reputação, ele é charmoso, amigável, e é capaz de falar animadamente sobre vários assuntos, desde que não sobre cinema", escreveu, no "Observer", o crítico David Thomson, que jantou com Malick.

HEIDEGGER
Nascido em 1943, em Illinois, Malick fez filosofia em Harvard, foi jornalista e traduziu Heidegger.
Se de sua vida pouco se sabe, de suas passagens por Hollywood foram muitas as histórias que ficaram.
Malick faz filmes lentos, com planos que, de tão abertos, parecem desejar capturar o mundo, estoura orçamentos e não assina cláusulas contratuais que obrigam diretores a dar entrevistas.
O produtor Bert Schneider hipotecou a própria casa para assumir o estouro no orçamento de "Cinzas do Paraíso". Salvou uma obra-prima.
"A Árvore da Vida", que sucede "O Novo Mundo" (2005) em sua resumida carreira, levou anos para ser concluído. Brad Pitt é um dos produtores.
O material de divulgação o define como "uma sinfonia musical em vários movimentos" ligada à trajetória de um homem (Pitt) que tenta entender o sentido da vida.
Hoje, na mais aguardada sessão de Cannes, mais um mistério de Terrence Malick será desvendado.


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