São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011

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Dupla vitoriosa em Cannes faz filme sobre perda da infância

Irmãos Dardenne afirmam ter feito obra menos complexa

DA ENVIADA A CANNES

A presença dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne costuma ser um problema para os demais concorrentes em Cannes.
Eles ganharam duas vezes a Palma de Ouro, com "Rosetta" (1999) e "A Criança" (2005), levaram um prêmio de interpretação masculina, pelo papel de Olivier Gourmet em "O Filho" (2002) e, ainda, o prêmio de melhor roteiro por "O Silêncio de Lorna" (2008).
Este ano, estão de novo na competição, com "O Menino com a Bicicleta".
Autores que, claramente, constróem uma obra cinematográfica, os Dardenne retornaram à tela do Palais com um trabalho que, seja pelo estilo da câmera, seja pelo impulso que move o protagonista, remete a todos os seus outros filmes.
O que há de novo, em "O Menino com a Bicicleta", é uma certa libertação dos afetos. É quase como se os Dardenne tivessem se deixado impregnar pela ingenuidade do protagonista, um menino de 12 anos que quer, a todo custo, encontrar o pai que o deixou provisoriamente num abrigo para menores.
"É um personagem mais simples, o roteiro tem menos complexidade", admitiu Luc, durante entrevista à imprensa. "Acho também que, durante as filmagens, estivemos todos mais unidos, mais próximos que o habitual."
A câmera acompanhará o percurso de Cyrill (Thomas Doret), o menino abandonado, com uma liberdade que só a infância dá.
Cyrill, que passará por uma série de provas até conseguir desfazer-se da ilusão que tem sobre o pai, passa boa parte do filme a correr e a andar de bicicleta.

SOLIDÃO
"Esse filme é uma história de amor entre uma mulher e um garoto que está perdendo a infância", definiu Jean-Pierre.
"Como ela [uma cabeleireira vivida pela atriz Cécile de France] fará esse menino aceitar seu amor?", pergunta o cineasta.
Como todos os outros personagens criados pelos irmãos Dardenne, Cyrill é um ser sozinho que, mesmo sem se dar conta, e de maneira violenta, está pedindo ajuda.
E, por mais que sejam duros e realistas os filmes da dupla, esses seres errantes sempre acabam por encontrar alguém capaz de lhes dar a mão. (APS)


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