São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FILMES

As Gêmeas Entram na Quadra
SBT, 14h30.
  
(Double Teamed). EUA, 2001, 105 min. Direção: Duwayne Dunham. Com Poppi Monroe, Annie McElwain. Irmãs gêmeas com personalidades bem diferentes, as irmãs Heather e Heidi Burge vão se encontrar e desenvolver afinidades quando passam a jogar basquete. Feito para TV a cabo.

Sempre Amigos
Globo, 15h40.
   
(The Mighty). EUA, 1998, 100 min. Direção: Peter Chelson. Com Sharon Stone, Gena Rowlands, Gillian Anderson. Dois meninos, o solitário Max e Kevin, com um problema de nascença nas pernas, fazem amizade e vivem aventuras, interiores e exteriores. Embora os heróis do filme sejam os garotos, Stone e Rowlands são as estrelas deste filme bem recebido nos EUA. A conferir.

Olhos de Serpente
SBT, 1h40.
    
(Snake Eyes). EUA, 1998. Direção: Brian de Palma. Com Nicolas Cage, Gary Sinise, John Heard, Carla Gugino. Cage é o inspetor Rick Santoro, que, após testemunhar assassinato de secretário da Defesa dos EUA, durante uma luta de boxe, toma a dianteira das investigações, fecha todas as saídas e começa a buscar suspeitas. Um De Palma muito inspirado.

Intercine
Globo, 1h55.

Passa na quarta o mais votado entre "Cemitério Maldito" (1989, de Mary Lambert, com Dale Midkiff, Fred Gwynne) e "Código de Honra 2 - Controle Hostil" (1992, de Guy Norris, com Cynthia Rothrock, Richard Norton).

Lone Star - Estrela Solitária
SBT, 3h30.
   
(Lone Star). EUA, 1995, 135 min. Direção: John Sayles. Com Chris Cooper, Francis McDormand, Ron Canada. Ao investigar caso de uma ossada que aparece numa cidadezinha do Texas, xerife descobre que seu venerado pai não era tão herói quanto se podia imaginar. Sayles, que não é bobo, aproveita o fato de a ação se passar numa cidade fronteiriça para abordar os conflitos entre americanos e mexicanos. Só para São Paulo.

Imperdoável
Globo, 3h45.
 
(Unforgivable). EUA, 1986, 91 min. Direção: Graeme Campbell. Com John Ritter, Harley Jane Kozak, James McDaniel. Marido leva a sério a história de viver entre tapas e beijos. Ou quase, já que prefere tapas aos beijos. Separa-se. Com a amante, a história se repete. Resultado: ele acaba forçado a participar de um grupo de terapia para homens que batem em mulheres. (IA)

Robert Mitchum tem a face do mal

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Se houvesse uma face do terror, e uma só, neste mundo, sem dúvida seria a de Robert Mitchum em "O Mensageiro do Diabo" (MGM, 14h).
Face tão mais terrível quando se descobre que esse pastor, ou suposto pastor, traz inscritas no nó dos dedos as palavras "Bem" e "Mal" -significando a dualidade dos seres humanos. A perseguição que esse pastor moverá a algumas crianças tem ecos em outros filmes. "Cabo do Medo", de Scorsese, pela presença ameaçadora, e "Sobre Meninos e Lobos", de Eastwood, estão entre eles.
Talvez a diferença seja Lillian Gish, a insuperável estrela dos velhos filmes de Griffith. Não que aqui esteja muito protegida, mas ela é quem ainda precisa defender as crianças. Grande filme de Charles Laughton.

ANÁLISE

Tradição garante sucesso de "Grande Família"

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

A que se deve a longevidade de "A Grande Família"? O programa estreou em 1972, foi interrompido em 1975 e retomado em 2001. Malgrado a instabilidade da cena televisiva atual, o seriado não só sobrevive, como figura de maneira recorrente entre os cinco mais vistos da Globo, ao lado de novelas e telejornais diários.
A razão desse sucesso é a qualidade. As duas fases compartilham a força do elenco, roteiro e direção. "A Grande Família" ficou célebre nos anos dourados da teledramaturgia brasileira. O seriado contava com a participação de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, e Paulo Pontes na equipe de roteiristas. A formação teatral e política de Vianninha no teatro do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE e no teatro de Arena se aliaram à sua formação familiar de filho de grande pioneiro do rádio, cinema e televisão.
"A Grande Família" de Vianinha e sua equipe abordava o cotidiano de uma família de classe média baixa. Em vez da abundância que caracteriza a vida glamourosa da maioria dos personagens de novela, o seriado abordava a dificuldade do acesso a bens de consumo. O formato era também um diferencial e se mantém. Inspirado na sitcom, o programa tem cenários fixos e tom de interpretação da comédia teatral.
Ao longo dos anos, sua linguagem foi ficando mais fina. Marco Nanini e Marieta Severo seguram a versão contemporânea. Pedro Cardoso manda bem no papel de Agostinho. Cláudio Paiva no comando da equipe de roteiristas garante um sabor discreto e engraçado. Rogério Cardoso no papel de Seu Flor, o avô que morava na sala, faz falta.
Embora não de maneira constante, a segunda fase, às vezes, envereda por muito bem vindas viagens em uma linguagem ligeiramente eletrônica. "A Grande Família" hoje se diferencia não por uma abordagem política, mas por apresentar o cotidiano de uma família que não se desintegrou.
Nenê e Lineu são os pais de outrora. Ela trabalha em casa, cozinha, lava e passa, mantendo o ritmo da unidade familiar. Ele, com muito esforço, enfrenta a labuta lá fora. Não há separações em "A Grande Família". Conflitos conjugais, de gênero e geração, movem a trama, como nas novelas. Mas aqui os casais resistem. E os papéis tradicionais também.


Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP


Texto Anterior: Astrologia
Próximo Texto: José Simão: Ueba! Cicarelli pega na tocha do Fenômeno!
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.