São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2004

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Família Dó-Ré-Mi

Com menina de dez anos na bateria e projeção de slides, trio torna-se sucesso nos EUA

THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Eles são tão extravagantes quanto os Osbournes, têm uma baterista mais carismática do que Meg White (do White Stripes) e, segundo a influente revista "New Yorker", são responsáveis pelos melhores shows que acontecem em Nova York neste milênio. Eles são o Trachtenburg Family Slideshow Players -e eles realmente são uma família.
Um dos dois mais comentados novos grupos da ainda prolífica cena nova-iorquina, ao lado de outro trio, o TV on the Radio, o TFSP é formado por Jason Trachtenburg (vocal, teclados e guitarra), sua mulher, Tina Pina Trachtenburg (projeção de slides), e a filha -de dez anos-, Rachel Pina Trachtenburg (na bateria).
Eles se autodefinem como uma banda de alt-pop-folk-vaudeville, o que já não é comum, mas o que os torna únicos são a concepção de seus shows e Rachel.
"Nós somos uma banda de rock, mas um grupo conceitual de art-rock. Queremos levar nossas performances a um outro nível", disse à Folha, por telefone, Jason, um sujeito que fala em ritmo de narrador de turfe e que parece uma mistura de Rick Moranis (de "Querida, Encolhi as Crianças) com Austin Powers.
Esse "conceito" refere-se aos slides projetados por Tina. São filmes tirados nos anos 50, 60 e 70, que a família consegue em feiras e depósitos -hoje, muita gente envia seus slides para o grupo, na esperança de aparecer em um show.
A idéia da banda surgiu de um slide. Há quatro anos, Tina achou uma antiga coleção de slides com o nome "Mountain Trip to Japan, 1959". Jason, um músico que na época ganhava a vida trabalhando como "passeador de cães" em Seattle, encantou-se com aquilo e compôs uma canção... "Mountain Trip to Japan, 1959".
(Uma outra canção, a "ópera rock" "What Will the Corporation Do?", é baseada num slide de 1977 que mostra uma convenção de executivos do McDonald's).
Rachel, em 2000, tinha apenas seis anos, e tocava gaita. Pouco tempo e algum treinamento depois, Jason a nomeou "baterista oficial" do grupo.
Em 2001, após uma série de bem-sucedidos shows pela Costa Oeste dos EUA, o TFSP lançou seu álbum de estréia, "Vintage Slide Collections from Seattle, Vol. 1" (nas baquetas, no lugar da -na época- ainda inexperiente Rachel, estava Mike Musburger, ex-baterista dos Posies).
O álbum traz canções deliciosas como "Fondue Friends in Switzerland" (Amigos de Fondue na Suíça), "Eggs" (Ovos), "Let's Not Have the Same Weight in 1978 -°Let's Have More" (Não Vamos Ter o Mesmo Peso em 1978 - Vamos Pesar Mais) e "Together as a System We Are Unbeatable" (Juntos como um Sistema Nós Somos Imbatíveis). Em 2002, a família comprou uma casa em Nova York, e Rachel passou a ocupar a bateria definitivamente.
"Ela é muito boa baterista, sempre na nota certa. Ela realmente entende como tocar e agora também toca baixo", diz Jason. "Ela adora sair em turnê, é como uma aventura para ela." Rachel freqüenta uma escola especial em Seattle e, quando estão em viagem, estuda com os pais.
O quase-estrelato tão cedo transformou a pequena Rachel em centro das atenções. Ela já deu entrevistas a grandes jornais americanos, como "The Washington Post" e "Los Angeles Times", além do pequeno, mas influente "Village Voice". Rachel já estampou a capa da primeira edição da "Time Out New York Kids", versão nova-iorquina para crianças da revista-guia "Time Out".
Atualmente, recebe de "mesada" de seus pais entre US$ 20 e US$ 25 por show. Afirma gostar de Led Zeppelin, White Stripes, Beatles, The Cardigans e Abba. Ela não liga em ser tratada como celebridade. "Meus amigos não se importam se eu sou uma rock star. Mas em alguns shows algumas crianças me acham cool."


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