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Família Dó-Ré-Mi
Com menina de dez anos na bateria e projeção de slides, trio torna-se sucesso nos EUA
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Eles são tão extravagantes quanto os Osbournes, têm uma baterista mais carismática do que Meg
White (do White Stripes) e, segundo a influente revista "New
Yorker", são responsáveis pelos
melhores shows que acontecem
em Nova York neste milênio. Eles
são o Trachtenburg Family Slideshow Players -e eles realmente são uma família.
Um dos dois mais comentados
novos grupos da ainda prolífica
cena nova-iorquina, ao lado de
outro trio, o TV on the Radio, o
TFSP é formado por Jason Trachtenburg (vocal, teclados e guitarra), sua mulher, Tina Pina Trachtenburg (projeção de slides), e a
filha -de dez anos-, Rachel Pina Trachtenburg (na bateria).
Eles se autodefinem como uma
banda de alt-pop-folk-vaudeville,
o que já não é comum, mas o que
os torna únicos são a concepção
de seus shows e Rachel.
"Nós somos uma banda de
rock, mas um grupo conceitual de
art-rock. Queremos levar nossas
performances a um outro nível",
disse à Folha, por telefone, Jason,
um sujeito que fala em ritmo de
narrador de turfe e que parece
uma mistura de Rick Moranis (de
"Querida, Encolhi as Crianças)
com Austin Powers.
Esse "conceito" refere-se aos slides projetados por Tina. São filmes tirados nos anos 50, 60 e 70,
que a família consegue em feiras e
depósitos -hoje, muita gente envia seus slides para o grupo, na esperança de aparecer em um show.
A idéia da banda surgiu de um
slide. Há quatro anos, Tina achou
uma antiga coleção de slides com
o nome "Mountain Trip to Japan,
1959". Jason, um músico que na
época ganhava a vida trabalhando
como "passeador de cães" em
Seattle, encantou-se com aquilo e
compôs uma canção... "Mountain
Trip to Japan, 1959".
(Uma outra canção, a "ópera
rock" "What Will the Corporation Do?", é baseada num slide de
1977 que mostra uma convenção
de executivos do McDonald's).
Rachel, em 2000, tinha apenas
seis anos, e tocava gaita. Pouco
tempo e algum treinamento depois, Jason a nomeou "baterista
oficial" do grupo.
Em 2001, após uma série de
bem-sucedidos shows pela Costa
Oeste dos EUA, o TFSP lançou
seu álbum de estréia, "Vintage Slide Collections from Seattle, Vol.
1" (nas baquetas, no lugar da
-na época- ainda inexperiente
Rachel, estava Mike Musburger,
ex-baterista dos Posies).
O álbum traz canções deliciosas
como "Fondue Friends in Switzerland" (Amigos de Fondue na
Suíça), "Eggs" (Ovos), "Let's Not
Have the Same Weight in 1978
-°Let's Have More" (Não Vamos
Ter o Mesmo Peso em 1978 - Vamos Pesar Mais) e "Together as a
System We Are Unbeatable"
(Juntos como um Sistema Nós
Somos Imbatíveis). Em 2002, a família comprou uma casa em Nova York, e Rachel passou a ocupar
a bateria definitivamente.
"Ela é muito boa baterista, sempre na nota certa. Ela realmente
entende como tocar e agora também toca baixo", diz Jason. "Ela
adora sair em turnê, é como uma
aventura para ela." Rachel freqüenta uma escola especial em
Seattle e, quando estão em viagem, estuda com os pais.
O quase-estrelato tão cedo
transformou a pequena Rachel
em centro das atenções. Ela já deu
entrevistas a grandes jornais americanos, como "The Washington
Post" e "Los Angeles Times",
além do pequeno, mas influente
"Village Voice". Rachel já estampou a capa da primeira edição da
"Time Out New York Kids", versão nova-iorquina para crianças
da revista-guia "Time Out".
Atualmente, recebe de "mesada" de seus pais entre US$ 20 e
US$ 25 por show. Afirma gostar
de Led Zeppelin, White Stripes,
Beatles, The Cardigans e Abba.
Ela não liga em ser tratada como
celebridade. "Meus amigos não se
importam se eu sou uma rock
star. Mas em alguns shows algumas crianças me acham cool."
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