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Crítica/indies
Lançamentos fazem panorama do novo cenário independente
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Não há espaço para o
amor ou lamentos ou
divagações abstratas.
Nas letras de bandas como The
Rakes e Hard-Fi, o que interessa é a vida como ela é.
"Capture/Release", do Rakes, e "Stars of CCTV", do
Hard-Fi, estão na ponta de um
pacote recheado de bons lançamentos que chegou/está chegando às lojas brasileiras.
"Tem uma garota no trabalho/ ela é bonita/ O cara de vendas gosta dela também/ O que
eu posso fazer?/ Ele ganha 28/
Enquanto eu apenas 22", dizem
os quatro garotos britânicos
que formam o Rakes em "22
Grand Job", canção rápida,
quase Clash -ou um Libertines
menos tosco.
Em "Work Work Work (Pub,
Club, Sleep)", eles nos contam a
sensação de vestir por dois dias
seguidos uma camisa suja de
molho e cheirando a cigarro.
Há bandas que encontram
um tipo de som e morrem abraçadas a ele. Outras buscam
mais variedade. Em "All Too
Human", o Rakes é pós-punk
de batida dance; em "Retreat",
vira pós-punk de batida rock.
São duas canções ótimas e parecem feitas por duas bandas
diferentes.
Eles também são garotos,
também vêm do Reino Unido e
também têm menos dinheiro
do que gostariam. "Estou trabalhando a semana inteira, estou cansado/ (...) Estou vivendo
para o fim de semana/ (...) Às
seis horas vou dar o fora daqui",
canta o quarteto Hard-Fi em
"Living for the Weekend". Em
"Cash Machine" o problema é
maior, pois o caixa automático
diz que eles não têm dinheiro.
Hard-Fi é ska, new wave,
rock de garagem... E tudo isso,
mais "Hard to Beat", faz deles
uma das melhores bandas britânicas dos últimos anos.
Raconteurs
O Raconteurs não é uma banda. Raconteurs é "a banda de
Jack White", guitarrista que ficou famoso há uns cinco anos
tocando junto com sua "irmã"
baterista no White Stripes.
Aqui, no projeto montado
com o amigo Brendan Benson e
outros dois músicos, White está menos blueseiro do que no
WS. O primeiro single, a grudenta "Steady as She Goes",
tem a estrutura Nirvana/Pixies
de melodia, com momentos
calmos intercalados a outros
mais pesados. "Hands" é a outra pop de "Broken Boy Soldiers". O resto do disco é bem
irregular e puxa bastante para o
rock clássico. Há várias canções
marcadas por riffs fortes de
guitarra e outras mais lentas,
como "Call It a Day", com um
agudo sabor psicodélico.
Talking Heads?
Há pouco mais de um ano, os
nova-iorquinos Clap Your
Hands Say Yeah lançaram um
disco caseiro e, com uma mão
da internet e outra do boca a
boca, se infiltraram no circuito
indie dos EUA. Não demorou
para assinarem com uma gravadora -o que demorou foi para a Warner lançar o CD aqui.
O Talking Heads é normalmente citado quando se fala de
CYHSY, muito por culpa da voz
de Alec Ounsworth, que lembra
a de David Byrne.
Se os vocais remetem a Talking Heads, a música traz à
mente um rock mais novo, como Arcade Fire ("Heavy Metal"). "Is This Love?", de melodia alegre, poderia ter entrado
no último do Belle & Sebastian.
Death Cab for Cutie é grupo
já conhecido no circuito indie
norte-americano e, em "Plans",
eles dão seqüência às canções
de melodias delicadas e líricas.
Não tão roqueiro, mas bem
recomendado, é o DVD "Demon Days Live", da banda-cartum Gorillaz. No show, tocaram seu segundo disco por inteiro, em cinco noites seguidas,
na Manchester Opera House.
Os convidados que participaram de "Demon Days" estão
presentes, como Shaun Ryder
(Happy Mondays), Neneh
Cherry e Ike Turner.
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