São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2006

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Donato e Moura cantam seus 50 anos de amizade

Antigos sócios do Sinatra-Farney Fã Clube, músicos lançam 1º álbum juntos

Repertório dos shows de amanhã e domingo no Sesc Pinheiros terá parcerias com João Gilberto, sucessos da década de 50 e inéditas


LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

O tempo recuou cinco décadas em uma noite de janeiro passado. Na casa do diretor de TV Carlos Manga, na rua Dick Farney, no Rio, reencontraram-se João Donato e Paulo Moura, sócios nos anos 50 do Sinatra-Farney Fã Clube, que era presidido por Manga.
Aquilo não podia morrer ali e, em fevereiro, Donato e Moura entraram no estúdio para gravar "Dois Panos para Manga", primeiro disco da dupla de amigos. Donato no piano, Moura no clarinete, eles lançam o CD amanhã e domingo no Sesc Pinheiros, em São Paulo.
No repertório, músicas que remetem aos tempos do Sinatra-Farney, como "On a Slow Boat to China", "Swanee", "Tenderly" -que Donato gravou no seu primeiro disco, em 1953- e "The Old Black Magic", clássico na voz de Sinatra. "Começamos lembrando as coisas que gostávamos de tocar na época, quando nos conhecemos", conta Moura, 73, paulista que virou carioquíssimo.
"E juntamos com músicas que gostamos muito, como "A Saudade Mata a Gente" e "Copacabana'", completa Donato, 71, acreano que fez fama nos EUA e se fixou no Rio.
O clarinetista se lembrou até de uma parceria dos dois que o pianista já esquecera. Antes sem título, ganhou o nome "Barão de Mesquita" em alusão à rua da Tijuca (zona norte do Rio) onde eles se encontravam nos anos 50. A música estará nos shows.
A inclusão de "Minha Saudade", uma das três parcerias de Donato com João Gilberto, tem um significado especial para Moura. "Foi a primeira música com a forma de bossa nova que eu conheci", conta.
Mas o CD não é só saudade. As duas últimas faixas foram criadas nos ensaios para o disco. "Sopapo" foi inspirada em um homônimo tambor gaúcho que Moura tem em casa. "Pixinguinha no Arpoador" surgiu com Donato tocando as primeiras notas de "Carinhoso" e se consumou com os dois improvisando um choro heterodoxo.
"Tom Jobim dizia que, quando somos imaturos, nós imitamos. Quando já somos maduros, nós roubamos, mesmo", brinca Donato, referindo-se ao furto de um pedacinho de "Carinhoso". A nova música até ganhou letra de Lysias Ênio, irmão de Donato.
O fato de a composição ser um choro é curioso porque, segundo conta Moura, um amigo em comum teria ouvido de Donato há algum tempo: "O Paulo está no chorinho". O clarinetista mandou por Donatinho, filho de João, um recado: "Diz para o Donato que eu não toco só chorinho, não".
A solução desse leve mal-entendido contribuiu para o encontro dos dois em estúdio, livres para tocar e compor o que quisessem. O difícil agora é parar a criação.
"Pixinguinha no Arpoador" saiu logo no início do nosso primeiro ensaio, e "Sopapo", no final. Com a gente é assim: uma na entrada, outra na saída", brinca Donato, prometendo inéditas para as apresentações em São Paulo.


DOIS PANOS PARA MANGA
Artistas:
João Donato e Paulo Moura
Gravadora: Biscoito Fino
Quanto: R$ 32, em média

SHOW
Quando:
amanhã, às 21h, e domingo, às 18h
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: entre R$ 15 e R$ 30


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