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Donato e Moura cantam seus 50 anos de amizade
Antigos sócios do Sinatra-Farney Fã Clube, músicos lançam 1º álbum juntos
Repertório dos shows de amanhã e domingo no Sesc Pinheiros terá parcerias com João Gilberto, sucessos da década de 50 e inéditas
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
O tempo recuou cinco décadas em uma noite de janeiro
passado. Na casa do diretor de
TV Carlos Manga, na rua Dick
Farney, no Rio, reencontraram-se João Donato e Paulo
Moura, sócios nos anos 50 do
Sinatra-Farney Fã Clube, que
era presidido por Manga.
Aquilo não podia morrer ali
e, em fevereiro, Donato e Moura entraram no estúdio para
gravar "Dois Panos para Manga", primeiro disco da dupla de
amigos. Donato no piano, Moura no clarinete, eles lançam o
CD amanhã e domingo no Sesc
Pinheiros, em São Paulo.
No repertório, músicas que
remetem aos tempos do Sinatra-Farney, como "On a Slow
Boat to China", "Swanee",
"Tenderly" -que Donato gravou no seu primeiro disco, em
1953- e "The Old Black Magic", clássico na voz de Sinatra.
"Começamos lembrando as
coisas que gostávamos de tocar
na época, quando nos conhecemos", conta Moura, 73, paulista
que virou carioquíssimo.
"E juntamos com músicas
que gostamos muito, como "A
Saudade Mata a Gente" e "Copacabana'", completa Donato, 71,
acreano que fez fama nos EUA
e se fixou no Rio.
O clarinetista se lembrou até
de uma parceria dos dois que o
pianista já esquecera. Antes
sem título, ganhou o nome "Barão de Mesquita" em alusão à
rua da Tijuca (zona norte do
Rio) onde eles se encontravam
nos anos 50. A música estará
nos shows.
A inclusão de "Minha Saudade", uma das três parcerias de
Donato com João Gilberto, tem
um significado especial para
Moura. "Foi a primeira música
com a forma de bossa nova que
eu conheci", conta.
Mas o CD não é só saudade.
As duas últimas faixas foram
criadas nos ensaios para o disco. "Sopapo" foi inspirada em
um homônimo tambor gaúcho
que Moura tem em casa. "Pixinguinha no Arpoador" surgiu
com Donato tocando as primeiras notas de "Carinhoso" e se
consumou com os dois improvisando um choro heterodoxo.
"Tom Jobim dizia que, quando somos imaturos, nós imitamos. Quando já somos maduros, nós roubamos, mesmo",
brinca Donato, referindo-se ao
furto de um pedacinho de "Carinhoso". A nova música até ganhou letra de Lysias Ênio, irmão de Donato.
O fato de a composição ser
um choro é curioso porque, segundo conta Moura, um amigo
em comum teria ouvido de Donato há algum tempo: "O Paulo
está no chorinho". O clarinetista mandou por Donatinho, filho de João, um recado: "Diz
para o Donato que eu não toco
só chorinho, não".
A solução desse leve mal-entendido contribuiu para o encontro dos dois em estúdio, livres para tocar e compor o que
quisessem. O difícil agora é parar a criação.
"Pixinguinha no Arpoador"
saiu logo no início do nosso primeiro ensaio, e "Sopapo", no final. Com a gente é assim: uma
na entrada, outra na saída",
brinca Donato, prometendo
inéditas para as apresentações
em São Paulo.
DOIS PANOS PARA MANGA
Artistas: João Donato e Paulo Moura
Gravadora: Biscoito Fino
Quanto: R$ 32, em média
SHOW
Quando: amanhã, às 21h, e domingo,
às 18h
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: entre R$ 15 e R$ 30
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