Desfiles do Fashion Rio, que terminou no domingo, mesclam o pop dos anos 80 com temas étnicos

O inverno está só começando, mas os fashionistas já preparam uma grande festa multicultural para o próximo verão. O traje obrigatório será curto, fresco e colorido, com estampas que miscigenam o passado índio e africano do Brasil com o espírito pop dos anos 80.
A trilha é um mix do estilo fluorescente de bandas como B 52's, Blitz e Culture Club e da sofisticação pós-punk de Talking Heads e Style Council. É a hora da new wave tropical. Essa mistura alegre e visualmente rica foi o fundamento dos principais desfiles do Fashion Rio, ganhando força máxima na apresentação da Redley, dirigida por Thomas Simon.
A retomada da new wave, movimento musical e cultural que estourou no início dos anos 80, faz todo sentido neste momento da moda, que continua buscando no rock suas principais referências. Na última temporada de inverno, foi a vez de punks e góticos. Para o verão, a tendência foi procurar no caldeirão de estilos o que tivesse mais cor e aura otimista.
A new wave foi um divertido revival dos anos 50 e 60, com forte influência da arte moderna e da pop art, misturadas ao gosto pelas inovações tecnológicas oitentistas. Pin-ups, mods ingleses, brilhos, néons, Andy Warhol, computadores e grafismos -tudo valia a pena. Nada mais natural do que recuperar isso agora, quando a palavra de ordem é coexistência: de estilos, de décadas, de culturas.
A grande sacada de grifes como Redley e Sommer, entre outras, foi incluir na new wave da hora referências à pintura indígena, à arte africana, à fauna e à flora brasileiras, temperando tudo com um jeito de ser bem despojado e contemporâneo.
As marcas que forçaram a mão nos clichês da brasilidade, com preguiça de pensar as novas misturas culturais, ficaram para trás. Assim como as que não se libertaram dos excessos ornamentais do romantismo. Até mesmo o jeans -forte nas coleções punk/grunge passadas- ficou pesado demais para o próximo verão e... sumiu.
Nesse sobe e desce, emerge dominante o novo vestido: curto, afastado do corpo, num formato tipo trapézio e, às vezes, com práticos bolsos. O frufru, coitado, morreu na praia, e a nova onda já levou embora.

MALANDRO ROCKER
Uma nova imagem masculina emergiu dos desfiles de verão no Fashion Rio: uma espécie de dândi tropicalista, com ginga de malandro e atitude rocker. Nas roupas, mix de alfaiataria com esportivo, de estampas fortes com cores neutras, de peças muito justas com as bem folgadas. Um look dominante: o paletó usado com bermuda. Coroando tudo isso, o chapéu. O velho acessório masculino voltou em tamanho menor, para ser usado de maneira informal e até irônica. É a versão carioca do estilo boêmio criado pelo cantor Pete Doherty e que inspirou o estilista Hedi Slimane na última coleção de verão da Dior Homme.

NA PRAIA, FORMAS NOVAS E TEMAS AFRICANOS
O beachwear se renovou nas passarelas cariocas, com biquínis maiores, arquiteturas complexas e motivos indígenas e africanos. As listras navy também voltaram com força total

OMBRO NU, CHIQUE0 E TRIBALISTA
Peças de um ombro só voltam com tudo e, além de elegantes, têm um ar pré-histórico, tipo Wilma Flintstone

XADREZ E NOSTALGIA DA DOCE VIDA DOS 60
Os xadrezes iluminaram o Fashion Rio, sobretudo o nostálgico Vichy, que evocou a "dolce vita" das décadas de 50 e 60

MACAQUINHO: VOCÊAINDA VAI TER UM
Jardineiras, macaquinhos e salopetes serão peças-chave no verão e aparecem bem curtinhos, perfeitos para curtir o sol

OS MELHORES DO FASHION RIO
REDLEY: A grife apresentou uma coleção exuberante, reafirmando seu interesse em uma moda criativa, ousada e supermoderna.

LENNY: A coleção feminina mais forte do Fashion Rio conseguiu unir a inteligência do design com poderosa sensualidade.

MARIA BONITA EXTRA: Uma encantadora série de vestidos, macaquinhos e shorts, tudo feito com leveza, charme e pragmatismo.

SOMMER: A marca surpreendeu com sua revisão neotropicalista e bem juvenil do streetwear.

MARIA FERNANDA LUCENA: Bela coleção com cartela de brancos. O vestido curto, solto e com recorte na gola resume a forma da estação.

+ RESERVA: A grife acertou com seus indies à carioca, que usam tricôs do vovô e, em vez de preto, adoram peças em rosa-confete.


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