São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2006

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Crítica

"A Queda!" filma um Hitler já impalpável

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Quanto mais corre o tempo, mais impalpável fica o nazismo, e Hitler também. Os horrores praticados tornam-se, aos poucos, objeto de representação cinematográfica. O próprio Holocausto tende ao superespetáculo, se nas mãos de Spielberg, isto é: um mito, como "Os Dez Mandamentos" vistos por Cecil B. DeMille ou "Gladiador" visto por não importa quem.
Hitler, por sua vez, transforma-se em um ponto-de-venda. Sem ter outra maneira de concorrer com os "blockbusters", os alemães recorrem a seu próprio demônio.
Em "A Queda! As Últimas Horas de Hitler" (Telecine Premium, 1h35), dirigido por Oliver Hirschbiegel em 2004, o führer é isso: um delirante que já não oferece perigo a ninguém, exceto a seus próximos, que sonha com grandes reviravoltas para uma guerra perdida. Não sabemos mais se suas idéias eram idiotas de nascença ou se o filme as fez assim.
Hitler se torna impalpável. Hoje, é um fantasma atrás de Bruno Ganz, o ator. Amanhã, não sabemos.


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