São Paulo, sábado, 16 de junho de 2007

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Dom Salvador revive seu samba-jazz

Há três décadas sem tocar no país, pianista e compositor pioneiro no estilo faz show no Sesc Pompéia

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não perca esta chance, porque ele já passou três décadas sem tocar por aqui e não sabe quando voltará.
O pianista e compositor Dom Salvador, 68, lança hoje e amanhã, no Sesc Pompéia, sua primeira gravação no país desde o inovador álbum da banda Abolição ("Som, Sangue e Raça", de 1971), com a qual antecipou a onda do samba-soul.
Radicado nos Estados Unidos desde 1973, o cultuado músico paulista retoma ago ra, no álbum "Dom Salvador Trio" (Biscoito Fino), outro estilo do qual também foi pioneiro na década de 60: o samba-jazz.
"A proposta é dar continuidade à concepção musical do Rio 65 Trio", diz Salvador, referindo-se ao grupo que o acompanhou em seus primeiros discos.

Reencontro
Nas gravações, em janeiro último, no Rio, Salvador reencontrou o baixista Sérgio Barroso, com o qual não tocava desde que deixou o país. "A emoção foi muito grande. O Sérgio me disse que já tinha esquecido a maneira como eu tocava, que sou o único que ainda toca esse estilo de samba, usando a mão esquerda."
Para o lugar do baterista Édison Machado -morto em 1990-, Salvador convocou Duduka da Fonseca, seu parceiro constante nos EUA desde a década de 80. "Quando ele não pode fazer um trabalho comigo, prefiro cancelar. Os outros bateristas não entendem a minha concepção."
O repertório do álbum destaca composições inéditas de Salvador, como os sambas "Por quê?" e "Antes da Chuva", a valsa-jazz "Maninha Rosa" e o choro "Um Passeio no Horto Florestal" -este dedicado a Rio Claro (175 km de SP), sua cidade-natal, onde se apresentou na última terça-feira.
"Foi uma loucura. Nunca mais tinha tocado lá desde que deixei a cidade, em 1961", lembra, ainda emocionado pelas homenagens que recebeu.
Nos shows de hoje e amanhã, Salvador toca algumas de suas composições que fazem parte do novo CD, assim como outras já conhecidas dos fãs, como o samba "Gafieira" e a balada "Mariá".
Em seu quarteto, além de Barroso e Fonseca, traz outro antigo parceiro: o saxofonista Dick Oatts, bem conceituado na cena do jazz norte-americano. O Brasil precisa conhecer melhor um de seus grandes músicos.


DOM SALVADOR
Quando:
hoje, às 21h; amanhã, às 18h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Pompéia, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: de R$ 5 a R$ 15


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