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Dom Salvador revive seu samba-jazz
Há três décadas sem tocar no país, pianista e compositor pioneiro no estilo faz show no Sesc Pompéia
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não perca esta chance, porque ele já passou três décadas
sem tocar por aqui e não sabe
quando voltará.
O pianista e compositor Dom
Salvador, 68, lança hoje e amanhã, no Sesc Pompéia, sua primeira gravação no país desde o
inovador álbum da banda Abolição ("Som, Sangue e Raça", de
1971), com a qual antecipou a
onda do samba-soul.
Radicado nos Estados Unidos desde 1973, o cultuado
músico paulista retoma ago
ra, no álbum "Dom Salvador
Trio" (Biscoito Fino), outro
estilo do qual também foi
pioneiro na década de 60: o
samba-jazz.
"A proposta é dar continuidade à concepção musical
do Rio 65 Trio", diz Salvador,
referindo-se ao grupo que o
acompanhou em seus primeiros discos.
Reencontro
Nas gravações, em janeiro último, no Rio, Salvador reencontrou o baixista Sérgio Barroso,
com o qual não tocava desde
que deixou o país. "A emoção
foi muito grande. O Sérgio me
disse que já tinha esquecido a
maneira como eu tocava, que
sou o único que ainda toca esse
estilo de samba, usando a mão
esquerda."
Para o lugar do baterista Édison Machado -morto em
1990-, Salvador convocou Duduka da Fonseca, seu parceiro
constante nos EUA desde a década de 80. "Quando ele não
pode fazer um trabalho comigo,
prefiro cancelar. Os outros bateristas não entendem a minha
concepção."
O repertório do álbum destaca composições inéditas de Salvador, como os sambas "Por
quê?" e "Antes da Chuva", a valsa-jazz "Maninha Rosa" e o
choro "Um Passeio no Horto
Florestal" -este dedicado a Rio
Claro (175 km de SP), sua cidade-natal, onde se apresentou
na última terça-feira.
"Foi uma loucura. Nunca
mais tinha tocado lá desde que
deixei a cidade, em 1961", lembra, ainda emocionado pelas
homenagens que recebeu.
Nos shows de hoje e amanhã,
Salvador toca algumas de suas
composições que fazem parte
do novo CD, assim como outras
já conhecidas dos fãs, como o
samba "Gafieira" e a balada
"Mariá".
Em seu quarteto, além de
Barroso e Fonseca, traz outro
antigo parceiro: o saxofonista
Dick Oatts, bem conceituado
na cena do jazz norte-americano. O Brasil precisa conhecer
melhor um de seus grandes
músicos.
DOM SALVADOR
Quando: hoje, às 21h; amanhã, às 18h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93,
Pompéia, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: de R$ 5 a R$ 15
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