São Paulo, domingo, 16 de julho de 2006

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Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

Ana Ottoni/Folha Imagem
Depois de surgir nua na tela da Globo, Ana vai viver dramas e trabalhar (muito) bem vestida


A mulher de 31

A estrela da nova novela das oito diz que já se deu muito mal com os homens e que a paixão é uma droga que não a interessa mais

"Eu detesto aquela coisa de homem que abaixa e aparece..." Dentro do estúdio da TV Globo, um amigo grita para completar a frase de Ana Paula Arósio: "O cofrinho!". Ela concorda. "É! O cofrinho. E quando a barriga de cerveja começa a crescer? O cara abaixa e aparece a cueca?" Em volta da atriz, as pessoas gargalham. "E quando a cueca é [da cor] vinho então?", diz ela. Aí é que as gargalhadas explodem mesmo.

 

Aos 31 anos, que ela está completando hoje, 16 de julho, Ana Paula Arósio continua, e pretende continuar, solteira.

Está namorando, é verdade, com o fotógrafo Pablo de Souza. Mas parece mais livre, leve e solta que nunca. No dia em que a coluna acompanhou sua rotina, no Rio, a atriz já estava há duas semanas sem trocar telefonema com o novo namorado. "Eles ficam inseguros", admite. "Mas eu sou muito livre. Muito mesmo. Se não tenho compromisso profissional, e alguém fala "vamos para a fazenda agora ver os cavalos?", eu vou. E só lembro de telefonar para o bofe muito -mas muito -depois."
 

No carro da TV Globo, Ana indica o caminho do restaurante Antiquarius, no Rio, onde pretende saborear uma paella depois de quase sete horas de gravação de cenas de "Páginas da Vida", a nova novela das oito. Ana conta que, nos roteiros das cenas, o autor, Manoel Carlos, faz sempre uma observação sobre Olívia, a personagem interpretada por ela: "Com o mínimo de roupa possível". Na quinta, Ana surgiu nua na tela. Nas próximas semanas, deve aparecer chorando, de luto, toda de preto. É que sua "mãe", Glória Menezes, terá morrido.
 

Já no restaurante, a coluna provoca: Ana sabia que, quando o governador Aécio Neves, de Minas, foi ao programa de Hebe Camargo, o nome dela surgiu como o de uma possível "primeira-dama" de MG?
 

Ana se espanta: "O Aécio, na Hebe? Mas e aí, ele beijou ou não beijou?". E, rápida: "A Hebe, não eu!". Não, ele não beijou a Hebe. Mas, já que ela tocou no assunto... "Ah, beijei o Aécio, sim. Todo mundo viu! Você não viu, não?" Não. Mas soube. E também que, depois do tal beijo, ela deixou o governador falando sozinho. "Não deixou, não", diz Paulo Marra, assessor da atriz. "Eu liguei [para jornalistas] para desmentir. Não é verdade." Ana confirma: "De jeito nenhum! Eu dei tchau antes...". O governador beija bem? "Aaaaah, como vou dizer se um governador beija bem?"

A coluna insiste. Beija? Ela brinca: "Digamos que ele é um homem de muitas línguas".
 

Ana abre o cardápio. Pede a paella e escolhe um vinho português. Aprendeu sobre a bebida com namorados. "Decoro o nome dos vinhos que gosto para pedir depois."
 

Horas antes, no estúdio, Ana teve cólicas. Ela já sofreu tanto com isso que, anos atrás, chegou a usar um implante subcutâneo de hormônio para suspender o ciclo menstrual.

"É maravilhoso porque você não tem cólicas e fica estável emocionalmente." Efeitos colaterais fizeram com que a atriz suspendesse a medicação, que hoje não recomenda "a ninguém".
 

Lucieli di Camargo, irmã de Zezé di Camargo e Luciano, que integra o elenco de "Páginas da Vida", disse a Ana Paula que cólicas constantes têm um significado: vontade de ter filho. "Mas eu não tenho nenhuma!", diz Ana.
 

O relógio biológico ainda não tocou. A vontade de casar, essa sim, já bateu -mas passou. "Todos com quem eu quis casar não quiseram. E todos que quiseram eu não quis." Foram três os eleitos. "Mas levei um pé na bunda e não vou dar a eles o gostinho de dizer quem são." Ela chegou a ficar noiva do ator Marcos Palmeira, mas a vontade de casar com ele não durou muito.
 

Luiz Tjurs, de quem ficou noiva, e que se suicidou na frente dela, em 1996, foi outra grande paixão. "Eu lambia o chão por ele." Ana permite que o assunto prossiga. "Nunca esqueci o que aconteceu. Nem devo. Se passei por isso, é porque tinha que aprender alguma coisa."
 

A idade, se ainda não despertou nela a vontade de ser mãe, aguçou, digamos, o espírito de sobrevivência feminino. Ana diz que pretende nunca mais se apaixonar. "A paixão é uma droga que não me convém", afirma. "É só fazer as contas de quantas vezes eu me apaixonei, e em quantas me dei mal." Resposta: "Em todas".
 

"É que homem é assim, né?", prossegue. "Nos primeiros 15 dias, acha tudo lindo. Depois começa: "Você vai beijar seu cachorro na boca e vai me beijar? Vai beijar seu cavalo e vai me beijar?" Eu respondo: "É, gotoso [assim mesmo, sem o S]. Vou beijar o cavalo!'"

Então ela está mais ou menos como o ex-presidente João Figueiredo, que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro de homem? Ana gargalha: "É meio por aí". Ela tem um sítio onde cria cavalos, bois, vacas, ovelhas, e vive cercada por cachorros a quem dá o nome de personagens de novelas em que atua.
 

Será que, diante de quadro tão "trágico", só nos restará, no fim de tudo, como solução, namorar outra mulher, que pelo menos não cobra perfeição física nem juventude eterna? Mais risos. "Mulher? Não. Eu não agüentaria uma mulher, não."
 

Ana parece compartilhar da "tese" de que homens bacanas nunca estão dando sopa por aí. Pessoas como o ator Edson Celulari, por exemplo, com quem forma par romântico na novela. "Ele é o homem da vida de qualquer mulher. É culto, atencioso, bonito, divertido." E casado, com uma grande amiga de Ana. "Eu adoro a Cláudia Raia, somos super próximas. Os dois são o máximo."
 

O prato de Ana está vazio. Com 1,67m e 57 kg, ela pede um pouco mais de paella ao garçom. Mas quer ir embora cedo, para dormir -já passam das 22h. Naquele dia, ela acordou com dor de cabeça de tanto que tinha chorado no dia anterior, no "velório" de sua "mãe" na novela, Glória Menezes. "É uma coisa meio esquizofrênica: eu me concentro, penso na história da minha personagem. Fico com pena dela e choro."
 

Ana, que já morou em SP, tem dois apartamentos na cidade e duas casas no Rio, para onde se mudou. Seu roteiro em Sampa já incluiu boates descoladas e GLS, como D-Edge, The Week, Green Express, Vegas, Alôca e Lotus, onde chegou a comandar as picapes. No Rio, diz, leva uma vida caseira, dedicada quase que exclusivamente ao trabalho. "Sou uma workaholic assumida", diz. "E estou virando uma anciã."

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