|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fashionistas descobrem o parque da Luz durante desfile
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
"Andei meio quarteirão para
chegar até aqui. Vim correndo.
Morri de medo." Assim a estilista Daniela Gorlov, 37, definiu
seu passeio até o parque da Luz,
na região central de São Paulo,
onde aconteceu o desfile da grife V.ROM, na manhã de ontem,
dentro do calendário da São
Paulo Fashion Week. A apresentação foi realizada em volta
de um coreto antigo, onde uma
banda tocava marchinhas de
Carnaval.
Gorlov, assim como algumas
pessoas da platéia do desfile,
não conhecia o parque, apesar
de ser paulistana. "A gente já
passou aqui perto quando foi a
um casamento na Estação da
Luz, lembra?", diz Julia Dienkhuerken, 25, advogada, para a
mãe, a advogada Tania, moradora do Morumbi, que afirmou
nunca ter visto o parque da Luz.
Nem de longe. "Nunca tinha
olhado, não venho muito para
essa região."
A designer gráfica Olímpía
Novaes, 45, também não tinha
curiosidade sobre o parque, um
dos mais antigos da cidade.
"Nunca tinha reparado nele. Eu
sabia que aqui perto, na Pinacoteca do Estado, tinha um restaurante legal", afirma, indiferente à importância histórica
do parque e da Estação da Luz.
Olímpia também temia que o
local pudesse ser violento. "Jamais viria aqui se não fosse em
um dia de evento como esse.
Pode ser perigoso."
Os freqüentadores do parque, que aproveitaram para ver
o desfile de longe -um cercadinho "protegia" a área do desfile
e dos convidados- não acham
que o local seja perigoso. "Aqui
é um lugar maravilhoso, bem
policiado, tranqüilo e ótimo para trazer as crianças", diz Cecília de Souza, 80, que vai ao parque da Luz todos os dias há pelo
menos 40 anos.
As marchinhas de Carnaval
tocadas no coreto fizeram com
que Cecília lembrasse de uma
época em que o local era mais
animado. "Deviam fazer mais
shows aqui", ela diz, sem se importar por não conseguir ver o
desfile direito.
Contrastes
O fato de os modelos não desfilarem perto dos sem-convite
frustrou quem veio de longe só
para ver um desfile de moda pela primeira vez. "Os modelos
podiam passar mais perto,
né?", reclama Milena Remédio
de Lima, 28, que saiu de São Miguel Paulista (zona leste) só para ver o show da V.ROM. Ao seu
lado, a engenheira Vera Martins, 35, perguntava: "Já acabou? Desfile de moda é sempre
rápido assim?". "Calma, agora
vão entrar as mulheres", tentava acalmar o metalúrgico Marcos Fernando, 31. A V.ROM é
uma grife de moda masculina.
Os convidados do desfile foram embora rapidamente. "Já
percebi que São Paulo é uma cidade de muitos contrastes.
Existem os muito pobres, os ricos, os feios, os muito bonitos",
observava o jornalista venezuelano Mario Aranaga.
Texto Anterior: "Prova de Amor" superou "JN" no início do ano Próximo Texto: Desfiles de Herchcovitch e V.ROM definem imagem Índice
|