São Paulo, domingo, 16 de julho de 2006

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Fashionistas descobrem o parque da Luz durante desfile

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

"Andei meio quarteirão para chegar até aqui. Vim correndo. Morri de medo." Assim a estilista Daniela Gorlov, 37, definiu seu passeio até o parque da Luz, na região central de São Paulo, onde aconteceu o desfile da grife V.ROM, na manhã de ontem, dentro do calendário da São Paulo Fashion Week. A apresentação foi realizada em volta de um coreto antigo, onde uma banda tocava marchinhas de Carnaval.
Gorlov, assim como algumas pessoas da platéia do desfile, não conhecia o parque, apesar de ser paulistana. "A gente já passou aqui perto quando foi a um casamento na Estação da Luz, lembra?", diz Julia Dienkhuerken, 25, advogada, para a mãe, a advogada Tania, moradora do Morumbi, que afirmou nunca ter visto o parque da Luz. Nem de longe. "Nunca tinha olhado, não venho muito para essa região."
A designer gráfica Olímpía Novaes, 45, também não tinha curiosidade sobre o parque, um dos mais antigos da cidade. "Nunca tinha reparado nele. Eu sabia que aqui perto, na Pinacoteca do Estado, tinha um restaurante legal", afirma, indiferente à importância histórica do parque e da Estação da Luz. Olímpia também temia que o local pudesse ser violento. "Jamais viria aqui se não fosse em um dia de evento como esse. Pode ser perigoso."
Os freqüentadores do parque, que aproveitaram para ver o desfile de longe -um cercadinho "protegia" a área do desfile e dos convidados- não acham que o local seja perigoso. "Aqui é um lugar maravilhoso, bem policiado, tranqüilo e ótimo para trazer as crianças", diz Cecília de Souza, 80, que vai ao parque da Luz todos os dias há pelo menos 40 anos.
As marchinhas de Carnaval tocadas no coreto fizeram com que Cecília lembrasse de uma época em que o local era mais animado. "Deviam fazer mais shows aqui", ela diz, sem se importar por não conseguir ver o desfile direito.

Contrastes
O fato de os modelos não desfilarem perto dos sem-convite frustrou quem veio de longe só para ver um desfile de moda pela primeira vez. "Os modelos podiam passar mais perto, né?", reclama Milena Remédio de Lima, 28, que saiu de São Miguel Paulista (zona leste) só para ver o show da V.ROM. Ao seu lado, a engenheira Vera Martins, 35, perguntava: "Já acabou? Desfile de moda é sempre rápido assim?". "Calma, agora vão entrar as mulheres", tentava acalmar o metalúrgico Marcos Fernando, 31. A V.ROM é uma grife de moda masculina.
Os convidados do desfile foram embora rapidamente. "Já percebi que São Paulo é uma cidade de muitos contrastes. Existem os muito pobres, os ricos, os feios, os muito bonitos", observava o jornalista venezuelano Mario Aranaga.


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