São Paulo, segunda-feira, 16 de julho de 2007 |
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Coleção alemã estaciona no Masp Warhol feita sob encomenda, em 1986, para a coleção da DaimlerChrysler
Cem obras da DaimlerChrysler serão expostas no subterrâneo a partir de 15 de agosto; destaque é o movimento zero
TEREZA NOVAES DA REPORTAGEM LOCAL Aos poucos a luz volta ao Masp (Museu de Arte de SP). O hall subterrâneo será novamente iluminado pelo sol, depois da retirada dos painéis de madeira que há tempos escondem a cidade do museu. A remodelação é parte da cenografia da exposição "Da Bauhaus a (Agora!)", que será inaugurada em 15 de agosto e ficará em cartaz até o fim de outubro. A mostra reúne cem obras da coleção da DaimlerChrysler, dona da Mercedes-Benz. É um dos principais conjuntos privados da Alemanha, com cerca de 1.300 peças. "Nossa coleção cobre as tendências abstratas do século 20, a partir das primeiras manifestações em Stuttgart, em 1910, até a arte contemporânea, o que significa cem anos de arte abstrata, de artistas europeus a nomes internacionais", diz Renate Wiehager, curadora responsável pela coleção. A exposição já passou por Detroit (EUA), África do Sul e Japão e continuará em turnê depois de São Paulo, na Espanha e em Singapura. Em cada parada, há uma adequação das obras ao contexto local. No Masp, o destaque será o movimento zero, representado em 30 obras. "Há um interesse especial neste movimento para o Brasil, por causa de algumas conexões com os concretos. Em alguns aspectos, os dois movimentos se sobrepõem, e eles aconteceram no mesmo momento", observa. A curadora alemã está fascinada com os concretistas brasileiros. "Fiquei apaixonada pela exposição que vi no MAM de São Paulo no ano passado ["Concreta 56 - A Raiz da Forma']", diz. "A arte brasileira das décadas de 50 e 60 não é muito conhecida na Europa. Foi a primeira oportunidade que tive de ver vários trabalhos originais dos anos 50 e 60 e de contemporâneos também. Foi então que decidi planejar a aquisição de arte brasileira para os próximos dois ou três anos." Franz Weissmann, Hélio Oiticica, Lothar Charoux, Lygia Clark e Willys de Castro são alguns dos que ela pretende adicionar à coleção. Almir da Silva Mavignier e Marcellus L. são os únicos brasileiros até agora. Os concretistas brasileiros estão em alta no cenário internacional. "Com certeza eles estão sendo descobertos. O MoMA, quando abriu seu novo museu, passou a trabalhar para comprar artistas brasileiros desse período", exemplifica. Temas automobilísticos A coleção DaimlerChrysler é conhecida por encomendar obras para artistas contemporâneos. Andy Warhol, Robert Long e Sylvie Fleury fizeram obras comissionadas, sempre com temas automobilísticos. O curador do Masp, Teixeira Coelho, lembra que o próprio foco da coleção tem a ver com a indústria. "É uma coleção corporativa, que, de certa maneira, tem a ver com a proposta da Bauhaus, de levar o belo ao produto industrial. O manifesto da arte concreta de 1929 tem princípios que são quase de uma arte industrial. Simples o quanto possível para ser entendida universalmente, como um carro tem que ser", comenta. A exposição chegou ao museu por meio do Instituto Goethe, no início da gestão de Coelho, em setembro passado. "Eles visitaram outros museus e ficaram encantados com o Masp. É inevitável, o desenho do museu é muito apropriado. A própria galeria é uma obra concreta", destaca ele. Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Estudantes ganharão livro da exposição Índice |
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