São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2010

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cinema

CRÍTICA AÇÃO

Longa ecoa comercial de agência de turismo

Em "Encontro Explosivo", Tom Cruise anda de modo sem se despentear e Cameron bate recorde de gritos histéricos

CRÍTICO DA FOLHA

Tom Cruise já fez filmes bons e outros nem tanto. Mas uma coisa ninguém nega: seu trabalho tem um padrão de qualidade acima da média. Grande astro do cinema e conhecido ás nos negócios, ele sempre se cercou dos melhores profissionais da área. Surpreende, portanto, esse "Encontro Explosivo": pela primeira vez, Tom Cruise faz um filme que parece inacabado.
O roteiro é mal amarrado, cheio de situações previsíveis e diálogos pouco inspirados, o que é a sentença de morte para uma comédia. As cenas de ação são genéricas, decepcionantes para um ator que já trabalhou com Brian De Palma, John Woo, Steven Spielberg e Michael Mann.
"Encontro Explosivo", dirigido por James Mangold ("Johnny e June") mistura comédia romântica e ação: Cruise é Roy Miller, um agente secreto perseguido por sua própria agência, acusado de roubar uma misteriosa pilha.
No aeroporto, ele esbarra em June (Cameron Diaz). Eles embarcam no mesmo avião, onde Miller sai no braço com um grupo de agentes e escapa, levando-a.
Daí em diante, inicia-se uma perseguição alucinada em aviões, trens e carros, passando por cenários deslumbrantes como Sevilha, Salzburgo e os Alpes Suíços. Mais um filme de espião que parece comercial de agência de turismo.
O clima é "James Bond encontra o Agente 86": Cruise faz piadinhas e nem se despenteia, mesmo quando dirige uma moto a 200 km/h, perseguido por uma manada de touros e por gângsteres de carro. Enquanto isso, Cameron Diaz faz cara de assustada e bate o recorde mundial para gritos histéricos ininterruptos.

SEM QUÍMICA
Filmes desse gênero costumam depender de dois ingredientes básicos: uma "química" entre os protagonistas e um enredo intrigante. "Encontro Explosivo" não tem nenhum dos dois. Cruise e Diaz não convencem como casal ardente e a trama tem soluções preguiçosas e manjadas. Um filme que nunca sai do piloto automático.
Os filmes do ator sempre contaram com bons personagens secundários, especialmente os vilões. Não é o caso. Difícil aceitar o ótimo Peter Sarsgaard (de "Educação") como mestre do crime, com sua cara de bom moço. Ele não mete medo em ninguém.
Outros personagens, como um cientista genial (Paul Dano, de "Sangue Negro") e um poderoso chefão do mercado de armas (Jordi Mollà, de "Profissão de Risco"), surgem e desaparecem da história abruptamente. Estaria Tom Cruise perdendo seu toque de Midas? A verdade é que ele precisa, urgentemente, de uma renovação. Seus últimos filmes são variações sobre temas e gêneros que ele próprio já explorou melhor em outros tempos. (ANDRÉ BARCINSKI)


ENCONTRO EXPLOSIVO

DIREÇÃO James Mangold
PRODUÇÃO EUA, 2010
ONDE estreia no Bristol, Center Norte Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO não recomendado a menores de 14 anos
AVALIAÇÃO regular




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