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cinema
CRÍTICA AÇÃO
Longa ecoa comercial de agência de turismo
Em "Encontro Explosivo", Tom Cruise anda de modo sem se despentear e Cameron bate recorde de gritos histéricos
CRÍTICO DA FOLHA
Tom Cruise já fez filmes
bons e outros nem tanto. Mas
uma coisa ninguém nega:
seu trabalho tem um padrão
de qualidade acima da média. Grande astro do cinema
e conhecido ás nos negócios,
ele sempre se cercou dos melhores profissionais da área.
Surpreende, portanto, esse "Encontro Explosivo": pela primeira vez, Tom Cruise
faz um filme que parece inacabado.
O roteiro é mal amarrado,
cheio de situações previsíveis e diálogos pouco inspirados, o que é a sentença de
morte para uma comédia. As
cenas de ação são genéricas,
decepcionantes para um ator
que já trabalhou com Brian
De Palma, John Woo, Steven
Spielberg e Michael Mann.
"Encontro Explosivo", dirigido por James Mangold
("Johnny e June") mistura
comédia romântica e ação:
Cruise é Roy Miller, um agente secreto perseguido por sua
própria agência, acusado de
roubar uma misteriosa pilha.
No aeroporto, ele esbarra
em June (Cameron Diaz). Eles
embarcam no mesmo avião,
onde Miller sai no braço com
um grupo de agentes e escapa, levando-a.
Daí em diante, inicia-se
uma perseguição alucinada
em aviões, trens e carros,
passando por cenários deslumbrantes como Sevilha,
Salzburgo e os Alpes Suíços.
Mais um filme de espião que
parece comercial de agência
de turismo.
O clima é "James Bond encontra o Agente 86": Cruise
faz piadinhas e nem se despenteia, mesmo quando dirige uma moto a 200 km/h,
perseguido por uma manada
de touros e por gângsteres de
carro. Enquanto isso, Cameron Diaz faz cara de assustada e bate o recorde mundial
para gritos histéricos ininterruptos.
SEM QUÍMICA
Filmes desse gênero costumam depender de dois ingredientes básicos: uma "química" entre os protagonistas e
um enredo intrigante.
"Encontro Explosivo" não
tem nenhum dos dois. Cruise
e Diaz não convencem como
casal ardente e a trama tem
soluções preguiçosas e manjadas. Um filme que nunca
sai do piloto automático.
Os filmes do ator sempre
contaram com bons personagens secundários, especialmente os vilões. Não é o caso.
Difícil aceitar o ótimo Peter
Sarsgaard (de "Educação")
como mestre do crime, com
sua cara de bom moço. Ele
não mete medo em ninguém.
Outros personagens, como
um cientista genial (Paul Dano, de "Sangue Negro") e um
poderoso chefão do mercado
de armas (Jordi Mollà, de
"Profissão de Risco"), surgem e desaparecem da história abruptamente.
Estaria Tom Cruise perdendo seu toque de Midas?
A verdade é que ele precisa, urgentemente, de uma renovação. Seus últimos filmes
são variações sobre temas e
gêneros que ele próprio já explorou melhor em outros
tempos.
(ANDRÉ BARCINSKI)
ENCONTRO EXPLOSIVO
DIREÇÃO James Mangold
PRODUÇÃO EUA, 2010
ONDE estreia no Bristol, Center
Norte Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO não recomendado
a menores de 14 anos
AVALIAÇÃO regular
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