São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2010

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TV fisga animação brasileira no Anima Mundi

Produção nacional lidera festival com 108 filmes mas nenhum longa

Incentivos de governos e AnimaTV ajudaram produtoras a apresentar mais pilotos e a buscar coproduções com países


CLARICE CARDOSO
DE SÃO PAULO

Prestes a comemorar seu 18º aniversário, o Anima Mundi (Festival Internacional de Animação do Brasil) chega à idade adulta querendo mostrar a maturidade da animação nacional com uma centena de filmes daqui.
Não há, porém, nenhum longa entre os 108 títulos brasileiros no festival que começa hoje no Rio e vem a São Paulo no dia 28. Indicação de um mercado que atrai mais e mais animadores à medida que cresce: o das séries.
"As pessoas começam a ver as séries como um mercado possível. E a demanda é enorme. Novos canais surgem o tempo todo, são engolidores de programação", diz o organizador Cesar Coelho.
"O AnimaTV e editais específicos de governos serviram de fomento para produtores menores apresentarem mais pilotos", diz Marão, que exibe no Anima Mundi "Eu Queria Ser um Monstro". Essas iniciativas serão debatidas no Anima Forum.
"As séries têm saída maior, dentro de alguns parâmetros, são mais fáceis de vender", diz Arnaldo Galvão, diretor comercial da ABCA (Associação Brasileira de Cinema de Animação).
Outro incentivador é o sucesso de títulos como "Princesas do Mar", "Peixonauta" e "Escola pra Cachorro".
"A indústria que se forma aqui precisa de continuidade e as séries vêm preencher essa lacuna, criar um mercado de produção mais industrial", diz Galvão, que tem piloto com o personagem Godofredo, de Eva Furnari.
"Mas não é possível sair produzindo sem amparo do mercado de fora. É imprescindível pensar em distribuição internacional", afirma Andrés Lieban, da 2DLab, pai de "Meu Amigãozão", série que estreia na semana que vem na América Latina e em agosto no Brasil.
Em coprodução com outros países, elas também conseguem driblar problemas comuns ao cinema nacional como um todo.
"Como fazer um filme com poucos recursos brigar com Disney, Pixar? No fundo, é o drama de todo filme brasileiro", diz Cesar Cabral, que tem projeto para série com Angeli nos moldes do premiado "Dossiê Rê Bordosa".

TEMPOS MODERNOS
Uma consequência do crescimento das produções de séries é a reestruturação da cadeia produtiva que elas demandam, levando estúdios a dobrarem de tamanho, dando emprego a mais profissionais por mais tempo.
"Elas têm mais potencial de gerar estabilidade, mas é importante tapar os buracos por trás: o espaço nas emissoras e a disposição delas em exibir conteúdo nacional, a aposta dos distribuidores e a formação de mão de obra mais qualificada", diz Lieban. "Hoje, se três estúdios grandes resolverem fazer longas ao mesmo tempo, um não vai conseguir pessoal."
A ausência de longas neste Anima Mundi, concordam os entrevistados pela Folha, não é indicativo de crise. "Há pelo menos nove longas em pré-produção, produção ou quase prontos. A previsão é de que tenhamos um filme inédito por ano na próxima década", prevê Marão.
"Nos pouco mais de 90 anos de cinema de animação no Brasil, foram produzidos apenas 20 filmes", explica Galvão. "Quase metade nos últimos três ou quatro anos. Ou seja, estamos crescendo."


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