|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TV fisga animação brasileira no Anima Mundi
Produção nacional lidera festival
com 108 filmes mas nenhum longa
Incentivos de
governos e AnimaTV
ajudaram produtoras
a apresentar mais
pilotos e a buscar
coproduções com
países
CLARICE CARDOSO
DE SÃO PAULO
Prestes a comemorar seu
18º aniversário, o Anima
Mundi (Festival Internacional de Animação do Brasil)
chega à idade adulta querendo mostrar a maturidade da
animação nacional com uma
centena de filmes daqui.
Não há, porém, nenhum
longa entre os 108 títulos brasileiros no festival que começa hoje no Rio e vem a São
Paulo no dia 28. Indicação de
um mercado que atrai mais e
mais animadores à medida
que cresce: o das séries.
"As pessoas começam a
ver as séries como um mercado possível. E a demanda é
enorme. Novos canais surgem o tempo todo, são engolidores de programação", diz
o organizador Cesar Coelho.
"O AnimaTV e editais específicos de governos serviram de fomento para produtores menores apresentarem
mais pilotos", diz Marão, que
exibe no Anima Mundi "Eu
Queria Ser um Monstro". Essas iniciativas serão debatidas no Anima Forum.
"As séries têm saída
maior, dentro de alguns parâmetros, são mais fáceis de
vender", diz Arnaldo Galvão,
diretor comercial da ABCA
(Associação Brasileira de Cinema de Animação).
Outro incentivador é o sucesso de títulos como "Princesas do Mar", "Peixonauta"
e "Escola pra Cachorro".
"A indústria que se forma
aqui precisa de continuidade
e as séries vêm preencher essa lacuna, criar um mercado
de produção mais industrial", diz Galvão, que tem piloto com o personagem Godofredo, de Eva Furnari.
"Mas não é possível sair
produzindo sem amparo do
mercado de fora. É imprescindível pensar em distribuição internacional", afirma
Andrés Lieban, da 2DLab,
pai de "Meu Amigãozão", série que estreia na semana
que vem na América Latina e
em agosto no Brasil.
Em coprodução com outros países, elas também conseguem driblar problemas
comuns ao cinema nacional
como um todo.
"Como fazer um filme com
poucos recursos brigar com
Disney, Pixar? No fundo, é o
drama de todo filme brasileiro", diz Cesar Cabral, que tem
projeto para série com Angeli
nos moldes do premiado
"Dossiê Rê Bordosa".
TEMPOS MODERNOS
Uma consequência do
crescimento das produções
de séries é a reestruturação
da cadeia produtiva que elas
demandam, levando estúdios a dobrarem de tamanho,
dando emprego a mais profissionais por mais tempo.
"Elas têm mais potencial
de gerar estabilidade, mas é
importante tapar os buracos
por trás: o espaço nas emissoras e a disposição delas em
exibir conteúdo nacional, a
aposta dos distribuidores e a
formação de mão de obra
mais qualificada", diz Lieban. "Hoje, se três estúdios
grandes resolverem fazer
longas ao mesmo tempo, um
não vai conseguir pessoal."
A ausência de longas neste
Anima Mundi, concordam os
entrevistados pela Folha,
não é indicativo de crise. "Há
pelo menos nove longas em
pré-produção, produção ou
quase prontos. A previsão é
de que tenhamos um filme
inédito por ano na próxima
década", prevê Marão.
"Nos pouco mais de 90
anos de cinema de animação
no Brasil, foram produzidos
apenas 20 filmes", explica
Galvão. "Quase metade nos
últimos três ou quatro anos.
Ou seja, estamos crescendo."
Texto Anterior: Crítica/Erudito: Grupo francês exibe rigor sonoro aliado a pensamento urgente Próximo Texto: Frases Índice
|