São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2005

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FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO

Paulo Betti prova os papéis de diretor e personagem

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

O ator Paulo Betti, 52, exibe hoje no Festival de Gramado suas facetas de autor de cinema e personagem literário.
Competindo pelos troféus Kikito, "Cafundó", primeiro longa-metragem dirigido por Betti, tem sessão oficial nesta noite, no Palácio dos Festivais.
À tarde, na programação paralela do festival, ocorre o lançamento da biografia do ator, "Na Carreira de um Sonhador", escrita pela jornalista Teté Ribeiro.
"Cafundó" é o segundo dos seis longas ficcionais na disputa a ser exibido, segundo o calendário da mostra. Para a abertura desta 33ª edição do Festival de Gramado, ontem, foi escalado "Carreiras", de Domingos Oliveira.
Na literatura, Betti se tornou personagem de Ribeiro por escolha da autora. Convidada pelo organizador da coleção "Aplauso", o crítico de cinema Rubens Ewald Filho, a assinar um volume, a jornalista sugeriu biografar o ator, a quem já conhecia.
Para traçar a trajetória de Betti desde o nascimento no interior paulista até o ponto atual da estréia como cineasta, passando pela carreira no cinema e na TV Globo e pelo apoio a campanhas do Partido dos Trabalhadores, Ribeiro sabia que seriam necessárias longas conversas gravadas.
Mas sabia também que poderia contar com o ideal de todo autor: "Uma história boa e bem contada". Segundo Ribeiro, "Betti tem uma história de vida interessante, fez escolhas interessantes e sabe contá-las de um jeito fascinante".
Na hora de passar para o papel as mais de sete horas de entrevista gravadas, Ribeiro procurou fugir do esquema "começar pelo começo, terminar pelo fim".
Não é, portanto, a ordem cronológica que prevalece no livro "Na Carreira de um Sonhador" (Imprensa Oficial do Estado, 320 págs., R$ 9).
A autora buscou usar como fio condutor de sua narrativa a interrogação sobre "o que é que faz uma pessoa ter vontade de aparecer, de entreter o público?".
Pelos planos iniciais de Ribeiro e de seu biografado, o livro não abordaria as relações amorosas de Betti e a história de seus casamentos -com as atrizes Eliane Giardini e Maria Ribeiro.
O resultado final, no entanto, foi diferente. "Ele não é o tipo de pessoa que tem setores: a vida profissional, a vida pessoal, a atuação política", diz Ribeiro.
A ausência de compartimentos se manifesta também no fato de que "as mulheres mais importantes da vida dele, a Eliane e a Maria, trabalharam com ele em diversos projetos", diz Ribeiro. E, ao falar de sua carreira, Betti "acabou falando mais delas do que queria".

Globo
Aspecto importante na trajetória profissional do ator, a relação com a TV Globo mereceu também a atenção da biógrafa.
Ribeiro relata como Betti recusou o primeiro convite da emissora por achar o papel desinteressante. O convite havia sido feito pelo também ator e hoje presidente da Riofilme, José Wilker.
"Betti entrou no elevador, e Wilker desceu pelas escadas", conta Ribeiro. Ao sair do elevador, Betti ouviu outra oferta, desta vez aceita.
Além de "Na Carreira de um Sonhador", serão lançados em Gramado mais seis livros da coleção: "Suely Franco - A Alegria de Representar", de Alfredo Sternheim; "José Dumont - Do Cordel às Telas", de Klecius Henrique; "Helvécio Ratton - O Cinema Além das Montanhas", de Pablo Villaça, "Ilka Soares - A Bela da Tarde", de Wagner de Assis, e os roteiros de "O Homem que Virou Suco" (João Batista de Andrade), organizado por Arianne Abdallah e Newton Cannito, e "A Cartomante" (Pablo Uranga e Wagner de Assis).


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