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FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO
Paulo Betti prova os papéis de diretor e personagem
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O ator Paulo Betti, 52, exibe hoje no Festival de Gramado suas
facetas de autor de cinema e personagem literário.
Competindo pelos troféus Kikito, "Cafundó", primeiro longa-metragem dirigido por Betti, tem
sessão oficial nesta noite, no Palácio dos Festivais.
À tarde, na programação paralela do festival, ocorre o lançamento da biografia do ator, "Na
Carreira de um Sonhador", escrita pela jornalista Teté Ribeiro.
"Cafundó" é o segundo dos seis
longas ficcionais na disputa a ser
exibido, segundo o calendário da
mostra. Para a abertura desta 33ª
edição do Festival de Gramado,
ontem, foi escalado "Carreiras",
de Domingos Oliveira.
Na literatura, Betti se tornou
personagem de Ribeiro por escolha da autora. Convidada pelo organizador da coleção "Aplauso",
o crítico de cinema Rubens
Ewald Filho, a assinar um volume, a jornalista sugeriu biografar
o ator, a quem já conhecia.
Para traçar a trajetória de Betti
desde o nascimento no interior
paulista até o ponto atual da estréia como cineasta, passando
pela carreira no cinema e na TV
Globo e pelo apoio a campanhas
do Partido dos Trabalhadores,
Ribeiro sabia que seriam necessárias longas conversas gravadas.
Mas sabia também que poderia
contar com o ideal de todo autor:
"Uma história boa e bem contada". Segundo Ribeiro, "Betti tem
uma história de vida interessante,
fez escolhas interessantes e sabe
contá-las de um jeito fascinante".
Na hora de passar para o papel
as mais de sete horas de entrevista gravadas, Ribeiro procurou fugir do esquema "começar pelo
começo, terminar pelo fim".
Não é, portanto, a ordem cronológica que prevalece no livro
"Na Carreira de um Sonhador"
(Imprensa Oficial do Estado, 320
págs., R$ 9).
A autora buscou usar como fio
condutor de sua narrativa a interrogação sobre "o que é que faz
uma pessoa ter vontade de aparecer, de entreter o público?".
Pelos planos iniciais de Ribeiro
e de seu biografado, o livro não
abordaria as relações amorosas
de Betti e a história de seus casamentos -com as atrizes Eliane
Giardini e Maria Ribeiro.
O resultado final, no entanto,
foi diferente. "Ele não é o tipo de
pessoa que tem setores: a vida
profissional, a vida pessoal, a
atuação política", diz Ribeiro.
A ausência de compartimentos
se manifesta também no fato de
que "as mulheres mais importantes da vida dele, a Eliane e a Maria, trabalharam com ele em diversos projetos", diz Ribeiro. E,
ao falar de sua carreira, Betti
"acabou falando mais delas do
que queria".
Globo
Aspecto importante na trajetória profissional do ator, a relação
com a TV Globo mereceu também a atenção da biógrafa.
Ribeiro relata como Betti recusou o primeiro convite da emissora por achar o papel desinteressante. O convite havia sido feito
pelo também ator e hoje presidente da Riofilme, José Wilker.
"Betti entrou no elevador, e
Wilker desceu pelas escadas",
conta Ribeiro. Ao sair do elevador, Betti ouviu outra oferta, desta vez aceita.
Além de "Na Carreira de um
Sonhador", serão lançados em
Gramado mais seis livros da coleção: "Suely Franco - A Alegria de
Representar", de Alfredo Sternheim; "José Dumont - Do Cordel às Telas", de Klecius Henrique; "Helvécio Ratton - O Cinema
Além das Montanhas", de Pablo
Villaça, "Ilka Soares - A Bela da
Tarde", de Wagner de Assis, e os
roteiros de "O Homem que Virou
Suco" (João Batista de Andrade),
organizado por Arianne Abdallah
e Newton Cannito, e "A Cartomante" (Pablo Uranga e Wagner
de Assis).
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