São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2010

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Corpo santo

Restauradores em São Luiz do Paraitinga tentam pôr em ordem os cacos e fragmentos das imagens sacras destruídas na enchente que arrasou a cidade histórica de SP no início deste ano

SILAS MARTÍ
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUIZ DO PARAITINGA (SP)

Nossa Senhora das Dores perdeu o rosto e alguns dedos. Santo Antônio tem remendos na orelha e na sobrancelha. Falta metade do nariz de são Brás e seu olho de vidro descolou. Da Nossa Senhora das Mercês, santa de barro, sobrou só o rosto, intacto, e parte do manto.
"Tinha pedaços que a gente estava procurando como se fossem ouro, um dedo, uma orelha de santo, tudo foi garimpado", lembra o restaurador Wagner Matias. "Isso tudo virou lama, entulho."
Oito meses depois do dilúvio que arrasou São Luiz do Paraitinga (a 182 km da capital), derrubando a igreja de São Luiz de Tolosa e a capela das Mercês, marcos da cidade histórica em São Paulo, restauradores tentam reconstruir o quebra-cabeça de suas imagens sacras.
Numa casinha perto do maior foco da destruição, uma equipe montou uma espécie de hospital dos santos.
Nas macas espalhadas por três salas, estão as sete imagens de madeira que estavam na igreja matriz, entre elas um Cristo morto e outro crucificado, além da recém-chegada santa de barro.
Desde que tudo veio abaixo, a imagem mais emblemática da destruição ficou guardada numa caixa de papelão na casa de um dentista na cidade. Só há duas semanas é que o rosto de Nossa Senhora das Mercês e seu tronco desmembrado tiveram a primeira sessão de tratamento.


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