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Jordi Savall celebra encontro de culturas em concertos em SP
Hoje e quinta, catalão comanda instrumentistas e cantores do Hespèrion XXI
IRINEU FRANCO PERPETUO
DA REPORTAGEM LOCAL
Virtuose da viola da gamba, o
catalão Jordi Savall, 67, traz a
São Paulo, na série de assinaturas da Sociedade de Cultura Artística, a música da Península
Ibérica e da América no tempo
do descobrimento.
Gamba, em italiano, é perna.
O instrumento leva esse nome
porque, a exemplo do violoncelo, é preso entre as pernas do
executante, enquanto a viola
utilizada nas orquestras modernas (chamada no século 18
de "viola da braccio", ou seja,
"de braço") fica, assim como o
violino, apoiada no ombro.
Surgida no século 15, a viola
da gamba floresceu até o final
do século 18, quando perdeu a
proeminência para os instrumentos da família do violino. O
interesse por ela renasceu no
século 20, depois da 2ª Guerra
Mundial, com o florescimento
da escola de interpretação de
música antiga com instrumentos de época.
Paraísos Perdidos
Savall foi um autodidata da
viola da gamba, na década de
60, e hoje é referência internacional de qualidade no instrumento, que ele ensinou o ator
Gérard Depardieu a tocar para
as filmagens de "Todas as Manhãs do Mundo" (1991), de
Alain Corneau.
Empunhando um instrumento soprano (portanto, menor e mais agudo) da família
das violas da gamba, Savall comanda, no Brasil, os 18 instrumentistas e cantores do Hespèrion XXI, grupo com o qual já
esteve por aqui.
O maior destaque é sua mulher, Montserrat Figueras, soprano cuja emissão "lisa" pode
soar mais semelhante à técnica
dos cantores populares do que
ao vibrato característico das
vozes operísticas.
Com base em material coletado tanto na Espanha quanto
do lado de cá do Atlântico, o
grupo mostra dois programas
diferentes: "A Rota do Novo
Mundo" (hoje) e "Paraísos Perdidos" (quinta).
"As tradições que se perderam na música escrita permanecem vivas na tradição oral",
diz. "Fomos em busca não apenas das culturas indígenas das
Américas, mas também de práticas espanholas, como o flamenco e o Mistério de Elche."
Os concertos celebram um
encontro de culturas que esteve longe de ser simétrico ou pacífico. O músico crê que a Espanha deveria se desculpar junto
às nações latino-americanas
pelos males causados pela colonização. "Assim como os governantes alemães se desculparam
com Israel, acho que algum dos
nossos deveria dizer: "Olhem,
pedimos perdão pelos sofrimentos que causamos às pessoas desse continente enquanto decidíamos se elas tinham
alma ou não'".
Bate-papo
Sem os músicos do grupo, Savall tem um bate-papo com o
público amanhã, às 20h, no
Instituto Cervantes (av. Paulista, 2.439, tel. 0/xx/11/3897-9609). As senhas, gratuitas, serão distribuídas uma hora antes do evento.
JORDI SAVALL
Quando: hoje e qui, às 21h
Onde: teatro Abril (av. Brig. Luís Antônio, 411, tel. 0/xx/11/3258-3344)
Quanto: de R$ 70 a R$ 150 (R$ 10 para
estudantes, meia hora antes dos concertos)
Classificação: não recomendado para
menores de 12 anos
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