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"Nunca achei que fosse ator", diz Lurie
Cinethesia-Grokenberger/Zdf/The Kobal Collection
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John Lurie (à esq.), com os atores Eszter Balint e Richard Edson emcena de
"Estranhos no Paraíso" (1984) , de Jarmusch
Americano hoje se dedica à pintura e se nega a falar da carreira no cinema ou do lugar onde hoje se esconde
Distúrbio que o afeta, e que já foi diagnosticado como doença de Lyme, fez também com que ele abandonasse a música
DE NOVA YORK
John Lurie não quer mais
falar sobre os filmes que fez.
Não quer dizer onde está,
mas se dispõe a dar uma entrevista por e-mail, depois de
algumas mensagens trocadas via Facebook.
Lurie só responde a parte
das questões, ignora as que
pedem detalhes sobre as experiências com o cineasta
Jim Jarmusch ou em filmes
como "Paris, Texas" (1984),
de Wim Wenders.
No fim, pede mais perguntas sobre suas pinturas, é do
que quer falar. "Nunca achei
realmente que fosse ator."
A música, à qual se dedicou durante décadas, foi expulsa da sua vida por causa
do distúrbio que nem ele sabe com certeza qual é -para
especialistas, trata-se da
doença de Lyme, cuja manifestação inclui problemas
neurológicos e psiquiátricos.
Mas, diz Lurie, neurologistas
discordam do diagnóstico.
Leia a seguir trechos da entrevista.
(CRISTINA FIBE)
Folha - Como vê hoje a sua
carreira como ator? Algum
orgulho ou arrependimento?
John Lurie - Eu não sei,
nunca senti realmente que tivesse uma carreira como ator.
Nunca fiz o bastante para saber
o que estava fazendo. Não, não
me arrependo de nada.
Quando começou a pintar
profissionalmente?
Comecei quando criança e
nunca parei. Quando fiquei
doente e preso em casa, concentrei-me mais nisso.
As pessoas falam muito de
sua amizade com Jean-Michel
Basquiat [1960-1988], mas me
parece que o acha superestimado. Por quê?
Eu não acho que ele seja
superestimado. Quero dizer,
ele fez algumas pinturas que
não eram tão boas, mas também algumas ótimas. É estranho como as pessoas falam
sobre a nossa amizade. Ele
era um garoto que me seguia.
Dormia no meu chão. E, de
repente, ele era esse sucesso
gigantesco como pintor -e
então ficou desagradável e
confuso.
O que o fez deixar Nova York?
Tenho um amigo que ficou
louco e quer me machucar a
qualquer custo.
Pode me contar onde está
morando agora? Vive sozinho? Sente-se isolado?
Eu não me sinto isolado, eu estou isolado.
Algo mudou por causa da reportagem da "New Yorker"?
John Perry ainda o persegue?
A reportagem era realmente ruim. Nada mudou, exceto
pelo fato de que as pessoas
supõem que o problema está
resolvido porque apareceu
em uma revista -mas nada
poderia estar mais distante
da verdade.
As pessoas dizem que você é
um "ícone "cool" de NY". O
que acha disso?
Eu ignoro. O que isso quer
dizer? Não gosto da ideia de
"cool" ["frio", na tradução literal]. Preferiria ser "warm"
["quente", "afetuoso"].
Quais são seus planos para o
futuro?
Não tenho a menor ideia.
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