São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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"Nunca achei que fosse ator", diz Lurie

Cinethesia-Grokenberger/Zdf/The Kobal Collection
John Lurie (à esq.), com os atores Eszter Balint e Richard Edson emcena de "Estranhos no Paraíso" (1984) , de Jarmusch

Americano hoje se dedica à pintura e se nega a falar da carreira no cinema ou do lugar onde hoje se esconde

Distúrbio que o afeta, e que já foi diagnosticado como doença de Lyme, fez também com que ele abandonasse a música

DE NOVA YORK

John Lurie não quer mais falar sobre os filmes que fez. Não quer dizer onde está, mas se dispõe a dar uma entrevista por e-mail, depois de algumas mensagens trocadas via Facebook.
Lurie só responde a parte das questões, ignora as que pedem detalhes sobre as experiências com o cineasta Jim Jarmusch ou em filmes como "Paris, Texas" (1984), de Wim Wenders.
No fim, pede mais perguntas sobre suas pinturas, é do que quer falar. "Nunca achei realmente que fosse ator."
A música, à qual se dedicou durante décadas, foi expulsa da sua vida por causa do distúrbio que nem ele sabe com certeza qual é -para especialistas, trata-se da doença de Lyme, cuja manifestação inclui problemas neurológicos e psiquiátricos. Mas, diz Lurie, neurologistas discordam do diagnóstico.
Leia a seguir trechos da entrevista. (CRISTINA FIBE)

 

Folha - Como vê hoje a sua carreira como ator? Algum orgulho ou arrependimento?
John Lurie - Eu não sei, nunca senti realmente que tivesse uma carreira como ator. Nunca fiz o bastante para saber o que estava fazendo. Não, não me arrependo de nada.

Quando começou a pintar profissionalmente?
Comecei quando criança e nunca parei. Quando fiquei doente e preso em casa, concentrei-me mais nisso.

As pessoas falam muito de sua amizade com Jean-Michel Basquiat [1960-1988], mas me parece que o acha superestimado. Por quê?
Eu não acho que ele seja superestimado. Quero dizer, ele fez algumas pinturas que não eram tão boas, mas também algumas ótimas. É estranho como as pessoas falam sobre a nossa amizade. Ele era um garoto que me seguia.
Dormia no meu chão. E, de repente, ele era esse sucesso gigantesco como pintor -e então ficou desagradável e confuso.

O que o fez deixar Nova York?
Tenho um amigo que ficou louco e quer me machucar a qualquer custo.

Pode me contar onde está morando agora? Vive sozinho? Sente-se isolado?
Eu não me sinto isolado, eu estou isolado.

Algo mudou por causa da reportagem da "New Yorker"? John Perry ainda o persegue?
A reportagem era realmente ruim. Nada mudou, exceto pelo fato de que as pessoas supõem que o problema está resolvido porque apareceu em uma revista -mas nada poderia estar mais distante da verdade.

As pessoas dizem que você é um "ícone "cool" de NY". O que acha disso?
Eu ignoro. O que isso quer dizer? Não gosto da ideia de "cool" ["frio", na tradução literal]. Preferiria ser "warm" ["quente", "afetuoso"].

Quais são seus planos para o futuro?
Não tenho a menor ideia.


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