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OPINIÃO
Lado underground já aparecia em filmes de Jim Jarmusch
BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
Não estranhe se você não
ouviu falar em John Lurie nos
últimos 24 anos. Afinal, os
anos 80 acabaram faz tempo
e o ator é daquelas figuras extremamente conectadas com
uma época. Nas telas, parecia apenas reproduzir seu estilo de vida.
Se o diretor Jim Jarmusch
encantava o público com um
cinema de silêncios radicais
para os americanos, Lurie era
o alter ego, um herói do underground.
Foram necessários três filmes para que uma parceria
na linha Hitchcock/James
Stewart se estabelecesse.
Em "Permanent Vacation"
(1980), Lurie faz apenas uma
ponta, mas já deixa clara sua
persona. Ele é o saxofonista
que o personagem principal
encontra em um beco à noite,
numa Nova York boêmia.
Na vida real, o ator, já integrante da banda de jazz The
Lounge Lizards, era conhecido da efervescente cena artística ao lado de nomes como
Basquiat.
Mas foi "Estranhos no Paraíso" (1984) e "Daunbailó"
(1986) que celebrizaram Lurie. Trata-se basicamente do
mesmo personagem cafajeste, mas de bom coração, que
adorava chapéus, ternos e
óculos escuros.
Imigrante húngaro no primeiro e cafetão no segundo,
Lurie andava num território
conhecido, o dos excluídos e
perdedores, sem autopiedade. Nem em filmes, no entanto, Jarmusch imaginaria que
a vida do ator fosse encontrar
tantos lances surreais.
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