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CRÍTICA RESTAURANTE
Zzi serve pratos tradicionais da Itália
O chef Lucas Ramos propõe uma cozinha simples e atraente, sem pretensões de criatividade
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
A rua Joaquim Távora é conhecida pela concentração
de bares. É bem ali, destoando da balada, que se instalou
um restaurante de perfil mais
calmo e discreto, o Zzi Luca.
Especializado em cozinha
italiana, ele fica numa casa
pequena de esquina, decorada com moderna sobriedade.
Suas poucas mesas -inclusive a que fica para fora, debruçada sobre o burburinho da
vizinhança- dividem uma
atmosfera charmosa.
Apesar dos detalhes modernos, não é esse o tom da
cozinha, pelo contrário. O
que desfila pelo cardápio é
uma sequência de pratos tradicionais da Itália, especialmente do norte, executados
com razoável retidão.
A casa foi inaugurada em
janeiro, num imóvel da família do chef-proprietário Lucas Ramos, 22. Ali funcionou
por oito anos a doçaria de sua
mãe (embora sejam um casal
de médicos, seu pai também
circula na área -ele abriu o
bar Genuíno, em 2000).
Lucas definiu-se logo pela
profissão. Estudou gastronomia no Senac e no ICIF (escola de culinária italiana para
estrangeiros, no Piemonte).
Trabalhou num pequeno restaurante na Itália e, de volta
ao Brasil, também no Le Coq
Hardy e no Kaá.
Ao abrir o Zzi, buscou aplicar o conhecimento adquirido na Itália, propondo uma
cozinha simples e atraente,
baseada em receitas e técnicas tradicionais, sem pretensões de criatividade.
Em busca de qualidade, o
chef busca bons ingredientes, de preferência orgânicos, parte dos quais obtém
num sítio da família (mesmo
local onde, segundo ele, é
preparado o molho de tomate lentamente reduzido em
fogão de lenha).
No diminuto cardápio há
somente massas frescas, preparadas na casa com ovos
caipira.
Embora seja bem alinhado
em termos de espaço, atrai
por um certo ar despretensioso e pela escala diminuta,
acolhedora. O menu, de tão
familiar, não dificulta a escolha nem espanta a clientela.
Quer uma entrada com
gosto de "comfort food"? Pode pedir a polenta mole com
ragu de cogumelos ao vinagre balsâmico. Ou as massas,
que quase sempre se prestam
a transmitir essa sensação de
aconchego e são a especialidade da casa.
Serve como exemplo o
nhoque, embora haja também uma versão com sobreposição de sabores que não
se coadunam -a que vem
com manteiga e sálvia, polvo, tomate-cereja e abobrinha.
Outra receita acolhedora é
a de agnolotti del plin (mas
costumam ser bem menores
e mais delicados do que esse), recheados de mozarela
de búfala com molho de tomates e manjericão.
Fora das massas, há um
momento de ousadia com o
robalo grelhado com emulsão de limão-siciliano e purê
de abóbora-cabocha e outro
sem maior imaginação, o filé-mignon ao molho rôti com
risoto de dois queijos (parmesão e cabra) que mal se fazem sentir. Na sobremesa, a
panacotta com damasco é gigante e compacta.
O cardápio poderia ser um
pouco mais variado: são somente oito massas, um único
peixe, um camarão com lulas
e apenas uma carne. Fica então o restaurante como opção para quem quer se focar
nas massas, o que é uma limitação mas não um defeito.
josimar@basilico.com.br
ZZI LUCA PASTA E VINO
ENDEREÇO r. Joaquim Távora,
1.296, Vila Mariana, tel. 0/xx/11/
3853-2018
FUNCIONAMENTO ter., a qui.,
das 19h às 23h; sex., das
19h à 0h; sáb., das 13h às 16h
e das 19h à 0h
AMBIENTE pequenino e jeitoso,
de bom gosto, com mesa também
do lado de fora
SERVIÇO tranquilo
VINHOS tende para os italianos,
mas aborda também outros
países; a seleção é pequena
e de bons preços
CARTÕES V e M
PREÇOS entradas, de R$ 22 a
R$ 26; pratos, de R$ 30 a R$ 56;
sobremesas, de R$ 12 a R$ 14
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