São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2011

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CRÍTICA AÇÃO

"Conan" mostra sangueira sem fim e sem originalidade

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Ninguém procure uma história original: "Conan, o Bárbaro" encarna (desde o primeiro filme, de John Milius, em 1982) o mito do filho que, tendo visto a destruição dos seus, busca a vingança.
Nas mãos de John Milius, o tema servia para pôr o relevo no valor físico do guerreiro, que se desdobra em valor moral (e nacional). Hoje, nas mãos de nem importa quem, "Conan" nos atira naquele tempo preferido das mitologias em voga: um tempo qualquer, inexistente, antes ou depois de tudo.
Nesse tempo infame, cheio de pessoas infames, dignas de frequentar as páginas de "Gangues de Nova York", sempre existe alguém que precisa juntar alguns cacos para ser o dono do mundo.
Khalar Zym, o pretendente a senhor do universo, tem a intenção de atirar os inimigos num oceano de sangue. Por aí se tem uma base do que o filme nos dá a ver. Não tem originalidade (remete a "O Abominável Dr. Phibes", a "Guerra nas Estrelas", aos filmes de artes marciais e a "O Senhor dos Anéis").
O que esperar então? Entre duas declarações solenes, uma sangueira sem fim, uma quantidade inesgotável de gente feia, um trabalho de imaginação dos figurinistas para criar trajes exóticos.
Enfim, tudo isso que poderia até despertar o interesse do espectador de cinema contemporâneo, que parece viver em um mundo de imensos sacrifícios e sadomasoquismo exacerbado.
Como em "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson, exige-se um enorme esforço dos figurantes, a quem cabe castigar os outros com a chibata. O que compensa o esforço de imaginação praticamente nulo dos roteiristas, já para não falar da direção, que, no padrão dos "blockbusters" atuais, empenha-se menos em criar imagens do que em fazer "cócegas nos olhos", como já se disse.
Tarefa árdua é atravessar do começo ao fim essa aventura aborrecida, em que o melhor talvez seja, ainda, a aparição de um polvo gigante (quando todos os recursos para matar e estripar já pareciam esgotados), que nos joga, por instantes, nos encantos terríveis de "20 Mil Léguas Submarinas". Mas desses encantos estamos a léguas.

CONAN, O BÁRBARO
PRODUÇÃO EUA, 2011
DIREÇÃO Marcus Nispel
COM Jason Momoa, Ron Perlman
ONDE Eldorado Cinemark, Jardim Sul UCI e circuito
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO ruim


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