São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2004

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ENTRELINHAS

Aliança francesa

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pé ante pé, chegou à grande rede uma boa nova para a expansão das letras nacionais ao além-mar. O Centre National du Livre (CNL), órgão do governo francês, colocou há pouco na internet as diretrizes de um Programa de Ajuda Especial em Favor da Literatura Brasileira.
O erário francês bancará a tradução e edição de 20 títulos brasileiros, escolhidos a partir de uma lista de mais de 130, em seis categorias, de ciências sociais a literatura clássica. Estão lá desde medalhões, como Sérgio Buarque de Holanda, Graciliano Ramos e Manuel Bandeira, até autores de obra em marcha, caso dos poetas Rodrigo Garcia Lopes e Alexei Bueno.
De acordo com o pesquisador da cultura brasileira Michel Riaudel, destacado pelo CNL para responder à Folha sobre os critérios de seleção, a lista "somou diversas propostas, umas minhas, a maioria da Biblioteca Nacional (Luciano Trigo)". Trigo, aliás, tem dois livros elencados, um infantil e um de ensaios.

OLHAI OS LÍRIOS DE CAMPOS
Augusto de Campos foi escolhido o tema do segundo dossiê da remodelada revista "Poesia Sempre", da Biblioteca Nacional. Ele está bem cotado para o prêmio que a instituição dará ao melhor livro de 2003 e é um dos dez finalistas do prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira.

RETRATO DO ARTISTA
Uma nova versão do monumento "Ulisses", de James Joyce, deverá aportar nas livrarias em março do ano que vem. É o mês em que a editora Objetiva deverá lançar a nova tradução, de Bernardina Pinheiro.

PEDIGREE
Tem tradutores de luxo na antologia "Contos de Horror", de Albert Manguel, que a Cia. de Letras lança em dezembro. José Arthur Giannotti, por exemplo, ficou com texto do francês Léon Bloy. Rubem Fonseca fez versão de conto do inglês W.W. Jacobs.

PRIMAVERA-VERÃO
A Primavera do Livro de São Paulo terá este ano pela primeira vez um ciclo de filmes inspirados em literatura brasileira. Outra novidade: pela primeira vez o evento, que acontece no CCSP de 4 a 7 de novembro, terá um patrono.

COMISSÃO DE FRENTE
Não foi nenhum escritor o convidado para reinaugurar uma grande loja de uma das maiores redes de livrarias do país, a Nobel. A modelo Mari Alexandre abriu a loja do shopping Frei Caneca (SP) autografando revistas "Sexy", com fotos suas ao natural.

FORA DA ESTANTE

Qualquer repórter que se aventura no papel jornal corre o risco de ver seus escritos usados para fins menos ortodoxos que o da leitura. Se a maior parte deles (este colunista incluído) não tem muito do que se queixar ao topar com uma de suas reportagens forrando gaiolas ou na clássica função de embrulhar pescados alguns poucos mereciam epílogo mais nobre. Marcos Faerman (1949-1999) é um deles. Uma das melhores encarnações brasileiras do chamado "new journalism", o repórter (depois professor) conseguiu nas páginas do "Jornal da Tarde" dos anos 70 e, sobretudo, no combativo "Versus", que ele mesmo criou, uma qualidade de texto que vai milhas além do "quem, o quê, quando, onde, como" que apregoam as faculdades: reportagens cheias de som e de fúria. Em tempos de resgate de Gay Talese, Truman Capote e outros nomes do "jornalismo literário", o repórter gaúcho (que teve pouco mais do que a esgotadíssima coletânea "Com as Mãos Sujas de Sangue" publicada em livro) merecia seu lugar na estante -longe de gaiolas e peixes.


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