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A ditadura da beleza em SP
Ambientada na capital, "Belíssima", próxima novela das 21h da Globo, vai opor belos a feios
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DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
Próxima atração das 21h da Globo, "Belíssima" é a novela das novelas de Sílvio de Abreu, 62, que
retorna ao horário nobre depois
de quase sete anos. Terá todos os
gêneros que deram certo na carreira do autor de "Guerra dos Sexos" (1983) e "A Próxima Vítima"
(1995): comédia, drama e policial.
E se passará em São Paulo, como
todas as suas outras 12 tramas.
Drama e comédia, segundo
Abreu, geram emoção, cativam as
massas (classes C, D e E) que ajudam a obter os recordes de audiência exigidos pela Globo. Racionais, histórias policiais intrigam telespectadores mais sofisticados, das classes A e B, geram repercussão, fazem a novela ser falada e satisfazem o ego do autor.
"Talvez "Belíssima" seja a minha
novela mais amadurecida, na qual
eu vou tentar equalizar melhor razão e emoção. Acho que o grande
desafio dos profissionais da televisão é atingir as classes D e E sem
baixar o nível do trabalho", diz.
O tripé de "Belíssima" será uma
trama dramática que opõe as personagens de Fernanda Montenegro (a vilã "meio louca" Bia Falcão) e Glória Pires (a heroína Júlia), um núcleo cômico típico (de
classe média baixa) e uma ação
policial que começa na Grécia,
com o assassinato do irmão da
mocinha (Pedro/Henri Castelli).
"Belíssima", que estréia em 7 de
novembro, será um "novelão",
jargão televisivo para novela clássica. Terá ricos e pobres e será algo sofisticada. O pano de fundo
será a indústria da moda paulistana. Seus personagens desfilarão
por edifícios envidraçados, restaurantes caros e boates badaladas. Na trilha sonora, muita MPB
de qualidade (a abertura deverá
ser assinada por Chico Buarque).
Como "novelão", não pretende
defender uma tese nem levantar
muitas bandeiras sociais, mas,
por ser contemporânea, irá discutir a ditadura da beleza.
Na trama, a avó Bia Falcão irá
cobrar de Júlia que a neta não herdara quase nada da beleza de sua
mãe, a mítica Belíssima, que fora
modelo de sucesso nos anos 60.
Bia passará a novela culpando Júlia pela morte prematura de sua
filha, num acidente de avião.
A oposição entre o belo e não-belo será o mote de outras tramas,
como a de duas irmãs do núcleo
pobre, filhas da cômica Cláudia
Raia (Safira), que sonham ser modelos. "A beleza está em todas as
histórias. Vou mostrar que é uma
mercadoria", diz Abreu.
"Belíssima" também será marcada por relacionamentos intersociais. A executiva Júlia encontrará seu "mito de beleza" em um
operário, André (Marcello Antony). E seu irmão, Pedro, se casará com uma menina de rua, Vitória (Claudia Abreu), com quem
irá morar na Grécia -locação
dos 20 primeiros capítulos da novela. Na Grécia se desenrolará o
"merchandising social" de "Belíssima", o tráfico de mulheres.
É na Grécia que surge Tony Ramos (o grego Nikos). Ele é uma
ponta das intricadas relações entre personagens da novela. Nikos
é pai de Cemil (Leopoldo Pacheco), que é filho da grega Katina
(Irene Ravache), casada com o
turco Murat (Lima Duarte), pai
de Safira (que, numa síntese de
São Paulo, já se casou com um italiano, um judeu, um português e
vive com um japonês). Nikos se
envolverá com a heroína Júlia.
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