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Crítica
"Colin" é apenas mais um terror "caseiro" no cinema
ANDRÉ BARCINSKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se existisse um Oscar para a categoria "hype mais
fajuto", "Colin" seria
uma barbada. O filme de zumbis dirigido por Marc Price ganhou fama em Cannes por ter
custado, segundo o diretor,
US$ 70. O que leva a crer que
Price encontrou todo o equipamento no lixo e que os atores e
técnicos passaram fome durante os 18 meses de filmagem.
Numa época em que orçamentos de US$ 100 milhões
não causam mais espanto, "Colin" está sendo saudado como o
novo salvador do cinema independente. Já vimos esse filme
antes: "El Mariachi" (1992) e "A
Bruxa de Blair" (1999) são dois
filmes caseiros que fizeram sucesso nas salas e também foram
recebidos como modelos de cinema alternativo.
Jogadas de marketing à parte, "Colin" é apenas isso: um filme caseiro. Bem feito, dirigido
com capricho e inventividade,
mas, no fim das contas, um filme caseiro. Qualquer comparação com clássicos dos filmes de
zumbi, especialmente "A Noite
dos Mortos Vivos" (1968), de
George Romero, é um exagero
que merece ser punido com
uma bela mordida no cérebro.
No filme de Price, o jovem
Colin, depois de atacado por
um morto-vivo, vira zumbi e
passa a vagar pela cidade, presenciando carnificinas e participando de algumas delas.
O filme recicla clichês que
Romero inventou há mais de
40 anos: cenários pós-apocalípticos, ruas vazias dos faroestes
e heróis solitários, que tentam
salvar a raça humana.
Mas falta em "Colin" o que
sobra em Romero: bons personagens. Romero, ao inventar
um herói negro, morto na cena
final por um policial que o confundira com um zumbi, fez
uma poderosa metáfora aos
distúrbios raciais do fim dos
anos 60 na América. Por trás de
todo o sangue e tripas, "A Volta..." era um filme com ideias.
Já "Colin" é um desfile de sequências sanguinolentas, sem
uma narrativa para costurá-las.
Vemos zumbis atacando pessoas, depois pessoas atacando
zumbis, num rodízio interminável. Após uns 15 minutos, o
espectador, anestesiado por
tanto sangue, pela câmera epiléptica e por uma trilha sonora
que mais lembra o bombardeio
a Stalingrado, fica que nem
zumbi: não sente mais nada.
No terror, o clímax não é nada sem as preliminares. O susto
só funciona quando precedido
do silêncio. Mas "Colin" prefere punir o espectador com um
ataque brutal aos sentidos. O
resultado, como outras recentes produções -"O Albergue", a
série "Jogos Mortais"- é mais
um terror sem suspense.
Avaliação: regular
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