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Le Clézio ganha o mar e os palcos em versão brasileira de "Pawana"
Renomado diretor francês adapta Prêmio Nobel de Literatura para o teatro
JOSÉ ORENSTEIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Das águas quentes do golfo
da Califórnia, na costa do México, às histórias do mar de Herman Melville, em "Moby Dick",
o Prêmio Nobel de Literatura
de 2008, Jean-Marie Gustave
Le Clézio, bebe as fontes de inspiração para seu único texto
para teatro: "Pawana".
E é sob a direção do conceituado encenador francês, seu
compatriota, Geroges Lavaudant, que a peça tem duas apresentações, hoje e amanhã, em
São Paulo. Mas a história da incursão de Le Clézio nos palcos
remonta a 30 anos atrás.
Um ainda jovem Lavaudant,
bem antes de se tornar o diretor do respeitado Theâtre de
L'Odéon em Paris -cargo que
ocupou de 1997 a 2007-, encantado com a literatura de Le
Clézio, lhe escreve uma carta
entusiasmada: queria adaptar
seus romances para o palco.
"Eu nem o conhecia, mas,
ainda assim, ele me respondeu", conta Lavaudant. E a resposta foi não. "Ele me disse: "O
que faço é literatura"." A insistência, porém, foi grande e, em
fins da década de 80, quando Le
Clézio tinha uma pequena nova
história em mãos, finalmente a
confiou a Lavaudant.
Era "Pawana", publicado em
livro em 1992, na França, montado pela primeira vez pouco
tempo depois e que agora ganha versão brasileira. Otávio
Martins e Celso Frateschi dividem a cena a partir de texto traduzido por Leonardo Fróes e
que é lançado neste mês pela
editora Cosac Naify.
A história da peça remonta a
um tema caro a Le Clézio -a
relação do homem com a natureza. Dois marinheiros, o jovem John, de Nantucket, e o capitão Charles Melville Scammon, em duas breves narrativas rememoram os dias em
que, embarcados no Léonore,
descobriram o local secreto de
reprodução das baleias, no golfo da Califórnia.
"Eles buscavam dinheiro,
eram homens do mar. Mas, de
repente, se deparam com a beleza absoluta daquilo que estão
destruindo: as baleias", conta
Lavaudant. E se hoje o alarde
em torno das questões ecológicas traz certa urgência à peça,
não é exatamente esse filão politicamente correto que o diretor francês quer explorar.
"Tanto melhor se um espetáculo tem ressonância política e
faz as pessoas refletirem. Mas,
para mim, o teatro é um divertimento, deve fazer sonhar. Se só
há reflexão, o teatro torna-se
entediante. Não dou lições de
política nem de moral. É a arte
que atrai o público."
PAWANA
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Tusp (r. Maria Antônia, 294,
tel. 0/xx/11/3255-7182); 10 anos
Quanto: entrada franca
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