Depois do fracasso de "Dirt", atriz de "Friends" estrela série com boa audiência

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

A camiseta temática que Jules ostenta na foto de divulgação proclama: "40 é o novo 20". E logo a primeira situação num jogo de futebol explica que o título da série se passa numa tal Cidade das Tigresas do litoral californiano. É por aí, em "Cougar Town", que Courteney Cox procura uma alternativa pós-"Friends" depois do fracasso de "Dirt", abortada na segunda temporada no ano passado. A atração, em cartaz há quatro semanas nos EUA, teve ótima audiência e deve chegar ao Brasil no primeiro semestre de 2010 no canal Sony.
Tigresas e tigrões ocupam o centro da história, conduzida por Jules, uma quarentona recém-divorciada e à beira de um ataque de nervos só de pensar que está sozinha e que os homens da própria idade "estão falidos, são gays ou só se interessam por garotinhas". É a já velha "nova desordem amorosa" como fórmula bem-sucedida de representar um sentimento global e facinho o suficiente para garantir adesões de quem prefere ficar em casa vendo TV a sair para caçar companhia.
O "pitch" consegue, nos três primeiros episódios, se segurar bem na autoironia da personagem, que Cox assume sem riscos. A flacidez nos braços, na barriga e nas pernas e as rugas expostas nas primeiras imagens logo são substituídas por desfiles da estrela em figurinos que revelam que, fisicamente, ela não tem nada de caída.
Então é hora de fazer como os homens e reaprender as regras da sedução, nem que seja para arrastar para casa só garotões com cérebro de minhoca. O exemplo está do outro lado da rua, no também quarentão e recém-divorciado Grayson, que coleciona gostosas burras, bate boca todo dia com a vizinha e pode se tornar um promissor par quando ambos se cansarem da juventude alheia.
Para diversificar, a série põe em cena outras mulheres, amigas de Jules ou rivais em algumas situações. Elle, casada e mãe, representa o lado tedioso e sem sexo da vida matrimonial. Laurie é a colega jovem e vadia que tenta convencer Jules que ter 40 anos não significa ter o dobro de 20. Já Barb é uma mulher de 48 com atitudes de predadora profissional.
Diante do grupo, Travis, filho adolescente de Jules e Bobby, assiste a tudo como um espectador de um show de horrores. Depois do terceiro episódio, o público ainda ri, mas fica na expectativa de alguma evolução, pois histórias de mulheres aflitas por sexo e de esposas desesperadas ele já assistiu a outras e melhores antes.