São Paulo, sexta, 16 de outubro de 1998

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TELEVISÃO
Fidel aparece em entrevista à CNN

ALEXANDRE MARON
da Reportagem Local

O canal pago CNN tenta esclarecer hoje, às 10h, um dos mais importantes episódios da Guerra Fria, travada durante cerca de 40 anos entre EUA e a extinta União Soviética. É o o especial "Castro, por Ele Mesmo", mostrado dentro da série "Perspectives".
Neste programa, o presidente de Cuba há 39 anos, Fidel Castro, fala a Pat Mitchell, presidente da CNN Productions, sobre suas lembranças da crise dos mísseis instalados em Cuba, que aconteceu em 1962.
A entrevista, concedida em Havana, capital do país, foi feita em duas sessões que totalizaram cerca de cinco horas e faz parte de uma série de programas sobre a Guerra Fria que estão sendo exibidos pela a CNN dos EUA. No Brasil, por ora, apenas a entrevista com Castro será mostrada.
A crise dos mísseis foi o momento mais tenso da Guerra Fria e começou com a instalação dos armamentos soviéticos na ilha, que fica próxima à costa norte-americana. O governo dos EUA exigiu a retirada dos artefatos bélicos do local e criou-se um impasse político e militar em que não era impossível prever o desfecho.
Castro conta em detalhes como foi a negociação para a instalação dos equipamentos em Cuba. "Tínhamos medo de que a aliança com a União Soviética descaracterizasse nossa revolução e nos mostrasse apenas como uma base soviética", conta e revela que, até onde sabe, os mísseis estavam prontos para serem usados.
O presidente chega a mostrar cópias das cartas que trocou com o premier soviético Nikita Khrushchev e narra o envolvimento de Che Guevara nas negociações, em que agiu como mensageiro e negociador com o líder soviético.
O programa segue com Castro falando da Revolução Cubana, que aconteceu em 1959, e em como ela se encaixava nos acontecimentos da época. Mitchell pergunta se os ideais da revolução liderada por Castro tinham ligação com a tomada de posição do presidente durante a Guerra Fria, ficando ao lado dos soviéticos.
"Não fomos nós que criamos a Guerra Fria. Queríamos fazer uma revolução em Cuba, e queríamos uma mudança radical e profunda. Socialismo era algo para um futuro distante", responde o presidente.
Em seguida, fala de como os revolucionários se organizaram e foram estruturando todo o aparato para a revolução, que teve a participação ativa de Guevara.
Outro episódio narrado é o da invasão da Baía dos Porcos, em 1961, quando tropas americanas tentaram invadir Cuba, mas foram rechaçadas. "Foram 60 horas insuportáveis, mas poderiam ter sido 30", desdenha.
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O colunista José Simão está em férias



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