São Paulo, sexta, 16 de outubro de 1998

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ESTRUTURA
Evento é rigoroso nos conceitos e fraco no didatismo

da Reportagem Local

A Bienal de São Paulo é um dos três maiores eventos de artes plásticas do mundo, comparável à quinquenal mostra Documenta, da cidade alemã de Kassel, e à bienal de Veneza. No Hemisfério Sul, ela é imbatível. Também é uma das mais caras. E nesta edição consumiu cerca de US$ 12 milhões.
Mas, se no número de atrações e no orçamento consumido ela está no Primeiro Mundo, o mesmo não acontece quando o assunto é didatismo, sinalização ou serviços ao visitante. Nesses quesitos, a Bienal não desfila, mas se arrasta (veja quadro ao lado).
Duas semanas depois de sua inauguração para convidados, o evento ainda conta com problemas que colocam em risco todo o esforço curatorial de Paulo Herkenhoff e sua equipe.
Para o espaço climatizado do terceiro andar, por exemplo, o curador imaginou o que ele chama de contaminações. São obras de artistas brasileiros contemporâneos estrategicamente colocadas em salas aparentemente estranhas, mas que estabeleceriam diálogos ou contrapontos com o artista principal ou tema da sala. Elas, porém, ainda não estão identificadas.
A falta de informação sobre as obras coloca em risco uma afirmação do próprio Paulo Herkenhoff à Folha, em que disse: "A Bienal precisa ser transparente e comunicável para uma criança, para um adolescente, que estará assim ultrapassando uma barreira social, já que em um país com uma estrutura tão rígida, a arte se torna uma conquista social".
O segundo andar, dividido entre o núcleo de arte contemporânea brasileira e a mostra "Roteiros", que dividiu o mundo em sete regiões e que foi curada por curadores internacionais, é o melhor sinalizado. As obras estão legendadas e continuam recebendo textos explicativos. Anteontem, foi a vez de os espaços dedicados a Victor Grippo e Doris Salcedo receberem seus textos.
O visitante pode contar com os textos explicativos dos catálogos acessando o site da Bienal na Internet, provido pelo Universo Online. O endereço é http:// www.uol.com.br/bienal/24bienal. O e-mail da Bienal é bienalinfo@uol.com.br.
O mesmo não acontece com o primeiro andar, térreo e mezanino, espaços reservados basicamente às representações nacionais. Sem identificações visíveis à longa distância, o visitante que estiver interessado em um país em especial deverá percorrer o pavilhão até encontrá-lo.
Outro problema são as identificações dos trabalhos, escritas apenas em português, um nacionalismo injustificável que prejudica os milhares de espectadores estrangeiros que o evento recebe. Já o brasileiro, sai prejudicado com o vídeo de Andrea Fraser, que é apenas em inglês.
O evento carece ainda de sinalização aérea que indique a localização de banheiros e serviços em geral a partir de vários pontos do pavilhão e não apenas na porta do serviço procurado.
(CF)

Visite a XXIV Bienal de São Paulo


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