THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

Se o tripé que sustenta a qualidade de um filme está em direção, roteiro e atores, não é por acaso que "Irresistível Paixão" é uma das atrações mais agradáveis da temporada. Um filme muito bacana.
Steven Soderbergh, o menino prodígio que ganhou Cannes com "sexo, mentiras e videotape", passou mais de uma década enterrando seu nome em filmes legais, mas difíceis, sem retorno de bilheteria, como o fiasco "Kafka". Agora, com um gênero popular nas mãos, mostra mais uma vez que é um cineasta acima da média.
"Irresistível Paixão" é o novo produto da linha de montagem de filmes baseados em Elmore Leonard que impera em Hollywood. Como literatura, o escritor é pulp fiction até a medula. Faz romances B, com personagens inverossímeis e uma história que dá tantas voltas que muitas vezes perde o sentido.
É fácil entender por que a subliteratura de Leonard caiu bem no cinema. Numa época em que a maioria das produções gasta zilhões de dólares nos efeitos visuais e não cobra o mínimo de inteligência dos roteiristas (alguém falou em "Armageddon"?), Leonard parece até Norman Mailer.
Nas mãos de outro diretor, "Irresistível Paixão" seria um policial confuso, com tipos esquisitões. Soderbergh consegue uma edição ágil, que brinca com a temporalidade e envolve o espectador num absurdo romance entre um ladrão de bancos e uma policial -sem que ninguém ligue para o tamanho do absurdo.
Leonard gosta de escrever sobre bandidos charmosos e mulheres esculturais. Deve estar muito contente. George Clooney é o ator mais charmoso do momento e o artista que esculpiu Jennifer Lopez merece todos os prêmios.
Com um casal tão atraente, bons diálogos e a direção esperta, "Irresistível Paixão" pode não fazer história no cinema, mas diverte e excita, como um leve porre.
²
Filme: Irresistível Paixão Produção: EUA, 1998 Direção: Steven Soderbergh Com: George Clooney, Jennifer Lopez Quando: a partir de hoje, nos cines Marabá, Paulista 3, SP Market 7 e circuito


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice