DA REPORTAGEM LOCAL

Há tempos, o celular da pesquisadora Giselle Beiguelman é utilizado para muito mais do que só conversar. Pioneira no uso desses aparelhos em trabalhos artísticos, ela terá uma retrospectiva no Mobilefest.
Com curadoria do artista Lucas Bambozzi, "Antologia de Fragmentos Dispersos" estreou em outubro, no festival Telemig Celular Arte.Mov, em Belo Horizonte, e é composta por cinco obras, entre vídeos, fotos e instalações.
"Não agüentava mais fazer arte para o escritório", fala Giselle. "Quando comecei, em 2001, voltei à experiência deliciosa [de criar] na internet, de brigar com a mídia a seu favor", diz ela, referindo-se ao fato de que a baixa qualidade da imagem feita com os celulares pode ser utilizada para desenvolver novos "padrões estéticos".
A pesquisadora afirma que não é possível elencar características que definam essas obras. "Os celulares evoluem muito rápido, sempre apresentando novas possibilidades." Entre as que Giselle destaca, estão a do uso do aparelho como "controle remoto", como em sua instalação "Code-UP".
Nela, o público utiliza o celular para fazer uma foto, que se materializa em um telão. Há também a produção de conteúdo para celular, como ícones, ringtones e vídeos, caso de alguns filmes da artista, que poderão ser baixados no celular do espectador.
Além disso, ele pode servir como "dispositivo de criação", como no DVD "Fast/Slow Scape", que reúne imagens feitas por Giselle com a câmera do celular. Além dos trechos exibidos na mostra, o DVD será lançado hoje, às 20h, na galeria Vermelho (r. Minas Gerais, 350). (ADRIANA FERREIRA SILVA)