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Jamie Stewart-Granger retrata Tiradentes
Radicado no Brasil desde 1980, filho do ator Stewart Granger lança livro com imagens da cidade mineira
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Galã de "As Minas do Rei Salomão" (1950) e "Scaramouche" (1952), Stewart Granger
conheceu o Rio em 1983, aos
70. Ficou em um hotel com o
mar à frente e a favela da Rocinha atrás. Não gostou muito.
"Ele achou estranhos esses
contrastes. E me disse: "É aqui
mesmo que você quer viver,
meu filho?'", conta Jamie Stewart-Granger, 62, um dos quatro filhos do astro de Hollywood, morto em 1993.
O Brasil é o "aqui" que o fotógrafo inglês escolheu para viver. Morou no Rio, em São Paulo, ajudou a criar uma ONG em
defesa da floresta amazônica e
há quatro anos está em Cumuraxatiba, no sul da Bahia.
O tema de seu novo livro é Tiradentes (MG), a cidade histórica por onde andou em 1999.
"Quis voltar no tempo e mostrar como pode ter sido Tiradentes no seu auge. Fotografei
a cidade já reformada, mas sem
os carros. Hoje, as ruas estão
cheias de turistas." Por questão
de estilo e para reforçar o clima
colonial, Granger optou por fotos em preto-e-branco. Há imagens das igrejas, vários aspectos do casario e retratos de habitantes da cidade.
Granger não viveu no centro
histórico de Tiradentes, mas na
área rural. Ele se acostumou a
espaços amplos desde a infância. O pai, que trocara a Inglaterra natal pelos EUA dos estúdios de cinema, preferiu que os
filhos fossem criados num rancho do Arizona, e não no rebuliço de Hollywood. "Meu pai era
vitoriano. Não via muita dignidade em um gentleman se maquiar e fingir lutar com espadas. Seu sonho era ser médico.
Nunca levou tão a sério o cinema", conta Granger.
Depois que o ator terminou o
casamento com a atriz Jean
Simmons e voltou para a primeira mulher, mãe de Jamie, a
família se reuniu em Londres,
onde o fotógrafo iniciou sua
carreira e aproveitou a "swinging London" dos anos 60. Mas
foi no Brasil que se encontrou.
"Na Europa já estava tudo
pronto, enquanto no Brasil conheci lugares, como o norte do
Mato Grosso, em completa
transformação. Fotografava a
mata fechada, o início da colonização, e pouco depois já havia
cem mil pessoas", conta ele,
que conheceu o país em 1974 e
se estabeleceu em 1980.
Granger já fez livros sobre fachadas de São Paulo e futebol e
quer fazer um sobre as crianças
de Cumuraxatiba. A região está
cheia de meninas grávidas e famílias sem perspectiva -entre
pescadores e índios pataxós-,
quadro que quer mostrar. Também quer retratar a beleza do
local, ainda não atropelado pelo
progresso e com potencial, diz
ele, de virar pólo ecoturístico.
TIRADENTES
Autor: Jamie Stewart-Granger
Editora: Bem-Te-Vi
Quanto: R$ 180 (156 págs.)
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