São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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Battles faz suas "experiências" em BH

Banda americana que é considerada uma das melhores de "rock matemático" toca hoje no festival Eletronika e depois em SP

Em entrevista à Folha, o baterista John Stanier, ex-Helmet, diz que selos grandes não dão abertura a experimentações sonoras

BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"A gente não trapaceia", ri John Stanier, baterista do Battles. "O que fazemos ao vivo, fazemos completamente ao vivo, sem a ajuda de samples ou programas. Isso é algo muito importante para a banda", diz o músico sobre como a complexa sonoridade do grupo é adaptada para o palco. Famoso por suas performances ao vivo, o Battles faz quatro apresentações no Brasil a partir de hoje, no festival Eletronika, em Belo Horizonte -na quarta, dia 21, o grupo toca em São Paulo.
Depois de três EPs e cinco anos na estrada, o quarteto nova-iorquino lançou neste ano o elogiado "Mirrored" (com versão importada distribuída no Brasil) - definido pelo semanário inglês "NME" como "o tipo de álbum que os garotos espertos do rock citarão como fonte de inspiração daqui a uma década".
A banda é facilmente identificada sob o rótulo de rock matemático -ou "math rock". Com influência do free jazz, o gênero tem uma estrutura complexa, quase dissonante, que foge do padrão roqueiro usual. "Talvez algumas bandas "estranhas" tenham chamado mais atenção este ano, mas não acho que seja o retorno do rock matemático", diz Stainer sobre o gênero surgido no fim dos anos 80. "Eu nem mesmo acho que a gente faça esse tipo de rock", afirma.
Independentemente da nomenclatura, o Battles reúne influências diversas (no Brasil a banda é tanto atração de um festival de rock, o Goiânia Noise, quanto de um de música eletrônica, o já citado Eletronika) e acumula um background extenso. "Não é difícil assimilar tantas referências. Na verdade, não foi um problema para nós. É só colocá-las juntas", simplifica o baterista. "É um processo a quatro mãos."
Stanier tocou no Helmet, cultuada banda de pós-hardcore, com quem esteve no Brasil em 1994, e ainda é membro do Tomahawk, projeto de heavy metal com Mike Patton (ex-Faith no More). O guitarrista e baixista Dave Konopka flertou com a eletrônica no Lynx, enquanto o também guitarrista e tecladista Ian Willians liderou o Don Caballero, banda de rock matemático, e o Storm and Stress. Colaborador do Prefuse 73, o vocalista e tecladista Tyondai Braxton é sobrinho do vanguardista de jazz Anthony Braxton. O Battles chegou a abrir shows para o Prefuse 73 em 2005, que, tempos depois, ironicamente, fez o mesmo pela banda.
Foi Scott Herren, o músico por trás do Prefuse 73, que ajudou o Battles a ingressar na Warp, respeitado selo de música experimental de nomes como Aphex Twin e Broadcast, além do projeto de Herren.
"Não me imagino mais numa gravadora "major", fiz isso por muito tempo. Há algo de errado com elas, mas também depende do tipo de música que você faz", diz o baterista. O fato é que o selo recebe com naturalidade as experimentações da banda.
Videoclipes e capas, responsabilidade de Braxton, são outros destaques do grupo. No vídeo de "Atlas" (www.myspace.com/battlestheband), o grupo toca dentro de um cubo espelhado, enquanto a câmera os cerca, num jogo refratário de imagens. Os vocais manipulados presentes em "Atlas" e que percorrem o disco são obra de um pedal dos anos 70, acionado ao vivo nos shows, enfatiza Stanier. Eles não trapaceiam.


MIRRORED
Artista:
Battles
Gravadora: Peligro
Quanto: R$ 36


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