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Battles faz suas "experiências" em BH
Banda americana que é considerada uma das melhores de "rock matemático" toca hoje no festival Eletronika e depois em SP
Em entrevista à Folha, o baterista John Stanier, ex-Helmet, diz que selos grandes não dão abertura a experimentações sonoras
BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"A gente não trapaceia", ri
John Stanier, baterista do Battles. "O que fazemos ao vivo, fazemos completamente ao vivo,
sem a ajuda de samples ou programas. Isso é algo muito importante para a banda", diz o
músico sobre como a complexa
sonoridade do grupo é adaptada para o palco.
Famoso por suas performances ao vivo, o Battles faz quatro
apresentações no Brasil a partir
de hoje, no festival Eletronika,
em Belo Horizonte -na quarta,
dia 21, o grupo toca em São Paulo.
Depois de três EPs e cinco
anos na estrada, o quarteto nova-iorquino lançou neste ano o
elogiado "Mirrored" (com versão importada distribuída no
Brasil) - definido pelo semanário inglês "NME" como "o tipo de álbum que os garotos espertos do rock citarão como
fonte de inspiração daqui a
uma década".
A banda é facilmente identificada sob o rótulo de rock matemático -ou "math rock".
Com influência do free jazz, o
gênero tem uma estrutura
complexa, quase dissonante,
que foge do padrão roqueiro
usual. "Talvez algumas bandas
"estranhas" tenham chamado
mais atenção este ano, mas não
acho que seja o retorno do rock
matemático", diz Stainer sobre
o gênero surgido no fim dos
anos 80. "Eu nem mesmo acho
que a gente faça esse tipo de
rock", afirma.
Independentemente da nomenclatura, o Battles reúne influências diversas (no Brasil a
banda é tanto atração de um
festival de rock, o Goiânia Noise, quanto de um de música eletrônica, o já citado Eletronika)
e acumula um background extenso. "Não é difícil assimilar
tantas referências. Na verdade,
não foi um problema para nós.
É só colocá-las juntas", simplifica o baterista. "É um processo
a quatro mãos."
Stanier tocou no Helmet,
cultuada banda de pós-hardcore, com quem esteve no Brasil
em 1994, e ainda é membro do
Tomahawk, projeto de heavy
metal com Mike Patton (ex-Faith no More). O guitarrista e
baixista Dave Konopka flertou
com a eletrônica no Lynx, enquanto o também guitarrista e
tecladista Ian Willians liderou
o Don Caballero, banda de rock
matemático, e o Storm and
Stress. Colaborador do Prefuse
73, o vocalista e tecladista
Tyondai Braxton é sobrinho do
vanguardista de jazz Anthony
Braxton. O Battles chegou a
abrir shows para o Prefuse 73
em 2005, que, tempos depois,
ironicamente, fez o mesmo pela banda.
Foi Scott Herren, o músico
por trás do Prefuse 73, que ajudou o Battles a ingressar na
Warp, respeitado selo de música experimental de nomes como Aphex Twin e Broadcast,
além do projeto de Herren.
"Não me imagino mais numa
gravadora "major", fiz isso por
muito tempo. Há algo de errado
com elas, mas também depende do tipo de música que você
faz", diz o baterista. O fato é que
o selo recebe com naturalidade
as experimentações da banda.
Videoclipes e capas, responsabilidade de Braxton, são outros destaques do grupo. No vídeo de "Atlas" (www.myspace.com/battlestheband), o
grupo toca dentro de um cubo
espelhado, enquanto a câmera
os cerca, num jogo refratário de
imagens. Os vocais manipulados presentes em "Atlas" e que
percorrem o disco são obra de
um pedal dos anos 70, acionado ao vivo nos shows, enfatiza
Stanier. Eles não trapaceiam.
MIRRORED
Artista: Battles
Gravadora: Peligro
Quanto: R$ 36
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