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Ratos e insetos atacam restaurantes finos de NY
Vigilância sanitária "reprova" casas famosas como o Elaine's e o Waverly Inn
Além da lista de infrações da fiscalização, cozinhas de NY são
"assustadoramente sujas" para 37% dos chefs, segundo
pesquisa da revista "Time Out"
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Você já jantou no Elaine's, no
Waverly Inn ou no Nobu? Os
ratos de Nova York já.
Na lista de infrações sanitárias do Departamento de Saúde
da cidade, essas grifes da gastronomia de Manhattan dividem espaço com redes de "fast
food" e restaurantes "pé-sujo"
das porções menos nobres do
Queens e do Bronx.
É raro um restaurante da cidade que saia ileso das inspeções, mas há quem escape do
vexame. O Daniel, um dos mais
caros da cidade, perdeu apenas
quatro pontos na última visita
dos fiscais, em 25 de setembro.
O banheiro não estava mantido
corretamente ("com papel higiênico, cesto de lixo e/ou trava
na porta") e a superfície de contato com a comida não estava
"mantida adequadamente".
Os demais, em geral, foram
pegos em situações bem mais
constrangedoras.
O mitológico Elaine's, que a
primeira-dama Jacqueline
Kennedy Onassis freqüentava
e onde o cineasta Woody Allen
ainda bate cartão, tem uma ficha corrida considerável. Somando-se as duas últimas inspeções, levou 34 pontos na carteira, incluindo refrigerador
sem termômetro adequado, insetos voadores e, sim, ratos.
O Waverly Inn se saiu pior.
Cercado de seguranças particulares, paparazzi e limusines que
entregam atores como Robert
De Niro e Gwyneth Paltrow à
sua porta, é tão exclusivo que
não tem telefone comercial.
Para fazer reserva, é preciso ser
"da turma". Ir pessoalmente é
um risco -costuma-se barrar
clientes mesmo tendo mesas
vazias (na última quarta, o repórter da Folha não foi barrado. Terá sido efeito da crise?).
Mesmo com essa pompa toda, o local somou 55 pontos de
infração nas duas últimas checagens. No início de 2007, havia insetos e ratos -talvez
atraídos pelo já célebre macarrão com queijo e trufas brancas
(US$ 130, incluindo taxas). Em
nova visita no final do ano, os
bichos ainda eram fregueses.
Foi no Waverly Inn, aliás,
que a apresentadora Luciana
Gimenez declarou ter sido vítima de uma "baratona" que
pousou em sua cabeça. O Departamento de Saúde faz as
inspeções ao menos uma vez
por ano. Se as irregularidades
forem graves, o local é fechado
e só reabre quando houver um
plano de solução permanente.
Temperinho especial
A revista "Time Out" perguntou no mês passado a 40 chefs
da cidade: "As cozinhas de Nova York são assustadoramente
sujas como as pessoas dizem?";
37% disseram "sim".
Peter Luger, a "steak house"
mais famosa de Nova York
(steak para duas pessoas sai por
US$ 100, incluindo taxas), dá
razão à fama.
Mas está melhorando. Há
quatro visitas, marcou 53 pontos de uma só vez; depois, 22, 18
e, na mais recente, 10.
A lista de autuações não inclui apenas ratos mas também
ratazanas, conforme constatado em duas das quatro vezes. A
lista segue: superfície de contato com alimentos não-higienizada corretamente, encanamento inadequado, insetos
voadores etc. "Trabalhamos
duro para manter um ambiente
limpo. A cidade trabalha na
proteção dos cidadãos, e nós
apoiamos essa missão", diz
Jody Storch, do Peter Luger.
Até o Masa, o restaurante
mais caro da cidade, entra na
lista -mas por tópicos que embrulham menos o estômago.
Nas duas últimas visitas divulgadas, marcou 18 pontos, por
motivos como falta de placas
para avisar funcionários a lavarem as mãos, iluminação inadequada e comida quente abaixo dos 60C. O restaurante diz
que houve uma visita mais recente, em que nenhum problema foi constatado. "Se nós
mantivermos o restaurante e a
cozinha limpos, não há nada
que eles possam registrar. E, o
mais importante, é tudo para a
segurança do público", disse à
Folha o gerente Veda Nishikawa, por e-mail.
Entre os citados nesta reportagem, além do Masa e do Peter
Luger, apenas o Kai respondeu
às perguntas da Folha -diz
que corrigiu as infrações, mas
que algumas delas são "injustas", como exigir que um sushiman use luvas. Ninguém do
Waverly Inn foi encontrado.
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