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"Devo a ele muito da minha formação como homem e diretor", diz Babenco
DO ENVIADO A LOS ANGELES
Jack Nicholson menciona
Hector Babenco antes mesmo
da entrevista para Brasil e Argentina -onde o tema seria natural, já que o cineasta nasceu
lá e se radicou aqui.
Na entrevista coletiva um dia
antes, o ator citara a colaboração com Babenco durante a
edição de "Ironweed" (1987), o
filme em que trabalharam juntos e que valeu a Nicholson
uma indicação ao Oscar.
À Folha Babenco descreve a
interação com o ator como "um
processo orgânico".
"Lembro de uma cena que
estávamos filmando num salão
e em que pedi para ele ficar
mais próximo da luz. Ele me
disse que não precisava, que
podia ficar na penumbra porque todos saberiam que ele estava ali, não precisavam vê-lo."
"Ele trabalha com uma outra
dimensão, o pressentimento de
que é ele é mais importante do
que vê-lo literalmente."
Lobo solitário
O diretor de "Carandiru" é
enfático ao falar da importância de sua relação com o ator.
"Devo a ele muito da minha
formação, primeiro como homem, depois como profissional. Ele é um lobo solitário, um
homem com um viés existencial muito complexo, um sobrevivente, varou décadas e gerações da cultura norte-americana e, por intuição e inteligência,
sempre esteve na vanguarda."
O cineasta é elusivo quando o
repórter questiona, como Nicholson havia recomendado,
sobre a história com seu irmão.
"Tive um câncer, estava morrendo e fiz um transplante de
medula óssea, meu irmão foi o
doador. Houve algumas conotações curiosas, mas são coisas
muito íntimas, isso é uma mensagem cifrada que ele me mandou. Somos sobreviventes."
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