São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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Noveleiros levam trama de época à internet

"Nos Tempos da Garoa", ambientada na SP de 1956, é produção "com custo zero", baseada em permutas e com atores voluntários

DA REPORTAGEM LOCAL

Eles gravam nas madrugadas de segunda a sexta, da 1h às 6h, sem que ninguém receba nada por isso. A webnovela "Nos Tempos da Garoa" envolve cinco produtores e 26 atores, com trabalhos paralelos (de imobiliárias a consultórios de psicoterapia), que abrem mão das noites de sono para poderem mostrar seu trabalho no site www.spetaculos.com.br.
"Garoa", a quarta novela -e a primeira de época- do grupo Spetáculos, estreou no dia 13 do mês passado. Semanal, ganha o seu sexto capítulo na próxima terça-feira, e deve ter 30 episódios (cada um com 30 minutos), estendendo-se até maio.
A história se passa na São Paulo de 1956, com direito a romance entre padre e prostituta, doença terminal de empresário rico, disputa por herança e por aí vai. Ou seja, nada que já não tenha sido feito (e melhor) para a televisão.
O principal diferencial, segundo o autor, Leandro Barbieri, é "a dinâmica: em um capítulo, acontece tudo o que levaria uma semana na TV".
A "estrutura de folhetim" que o diretor usa não é à toa. Apesar de ver o futuro do formato on-line, um dos objetivos de Barbieri é levar "Garoa" à TV. Ele diz que está negociando para isso, mas não pode "revelar" com qual emissora.
Aos 22 anos, Barbieri, aluno de rádio e TV da Universidade Metodista -onde conheceu Silvia Cabezaolias, co-diretora da "Garoa"-, afirma trabalhar "há 12 anos com novelas". Mas começou aos 10? "Sim, com pesquisa, montando meu acervo. Depois passei a fazer análise e escrever críticas e roteiros."
Mas Silvia e Barbieri estrearam mesmo nas novelas em 2004, em um canal universitário, e depois migraram para o site allTV. Hoje, usam suas MiniDVs e uma casa da família dele, na Aclimação, como estúdio. Lá, conseguiram montar 17 cenários para "Garoa", que tem 30 personagens e ainda não teve a audiência medida.
A experiência virtual, diz Barbieri, é a "realização do sonho de trabalhar com novelas". É irônico que a "dramaturgia na internet", como diz o slogan do grupo, seja feita justamente por alguém louco para migrar para a TV. (CRISTINA FIBE)


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